UBES entrevista o presidente da CNTE sobre a luta nacional dos professores
A educação está em greve no Brasil. Os profissionais de ensino têm saído das salas de aula para pressionar contra medidas de desvalorização, impedir retrocesso de direitos e por mudanças capazes de reverter os problemas do ensino público.
Em meio aos graves ataques que a categoria tem sofrido, como aconteceu no Paraná na última quarta-feira (29), o site da UBES entrevistou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão. Confira.
UBES: Grandes batalhas levarão milhares de professores às ruas na véspera do dia 1º de Maio. A Greve Nacional pela unificação das lutas dos trabalhadores em educação acontece nesta quinta-feira (30) com quais motes de luta?
ROBERTO LEÃO: Nesse dia 30 de abril a greve acontece em 14 Estados e conta com 15 entidades em mobilização pelo cumprimento integral da lei do piso salarial, pela efetivação das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) dentro do prazo — especialmente a meta 17, que trata do piso e jornada de trabalho dos professores —, e a pauta geral dos trabalhadores contra as Medidas Provisórias (MPs) 664 e 665 que dificultam o acesso a abono salarial, seguro desemprego e auxílio doença.
UBES: Atualmente, há greves deflagradas em 10 estados brasileiros. Essa batalha contra retrocessos nos direitos dos trabalhadores pode se estender?
ROBERTO LEÃO: A tendência é que as mobilizações continuem, pois temos muitos problemas com governadores e prefeitos. Neste momento, há uma série de motivos relevantes para buscar o diálogo, especialmente a meta 17 do PNE na prática e pelo aumento dos investimentos em educação.
UBES: O Projeto de Lei (PL) 4.330/04, que visa instituir a terceirização ilimitada nas empresas privadas, públicas e de economia mista trata-se de um golpe do Congresso Nacional contra os direitos dos trabalhadores? O que está em jogo?
ROBERTO LEÃO: A precarização do trabalho. O Estado está abrindo mão de suas responsabilidades e passando para iniciativa privada. Quem mais sofre é o trabalhador, que nessas condições ganha 25% a menos em seus salários. Mesmo que digam o contrário, é um projeto ruim que também afetará os serviços públicos — como acontece nas creches e na área da saúde, onde atuam organizações beneficentes, de uma forma ou de outra, terceirizam os serviços.
UBES: Nesta quarta-feira (29/04), o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), foi implacável diante da reivindicação dos professores. Às suas ordens, a polícia militar executou um verdadeiro massacre contra os trabalhadores da educação. Como isso reflete em toda a categoria?
ROBERTO LEÃO: O Brasil inteiro está com os olhos voltados para atitude do governo paranaense. Richa demonstrou que é um tirano covarde, massacrando os professores, entre eles, muita mulheres. A greve no Paraná começou em fevereiro e retornou justamente, pois o acordo com os profissionais foi feito e não cumprido.
No dia 30 de abril de 2015, acontece a Greve Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação Básica Pública. A CNTE lançou em seu site a nota de convocação do ato que visa unificar a luta dos profissionais da área do ensino. Acesse aqui.