A proposta, com participação da Justiça eleitoral, é percorrer outras escolas para estimular os jovens a votar nas eleições de outubro.No Colégio São Francisco de Assis, os alunos ainda estão desatentos à disputa política que polariza o cenário nacional. Da mesma forma que boa parte do eleitorado, poucos conseguem afirmar espontaneamente quem são os pré-candidatos que neste momento anunciam a disposição de concorrer ao Palácio do Planalto. Entretanto, eles estão de olho nos prazos para o alistamento eleitoral, que se encerra dia 5 do mês que vem.
Acreditam que, por meio do voto, serão ouvidos. Politicamente, passam a existir.”Este é o meu primeiro grito: Oiê! Eu existo”, anuncia Bárbara Andrade Fulgêncio, de 15 anos, aluna do segundo ano do ensino médio. “É uma boa oportunidade para mostrar que sou cidadã. Por meio do voto, vou fazer a minha parte para mudar o país”, emenda a colega Jéssica Assis de Paula, de 16 anos. “Espero dos candidatos que falem o que vão fazer e façam o que anunciaram que pretendiam fazer”, acrescenta Eduardo Rodrigues Lino Júnior, de 17 anos, também aluno do segundo ano do ensino médio.
“Se posso manifestar o meu pensamento, posso melhorar o meu país”, acredita Paulo Henrique Caires Rocha, de 16 anos, do terceiro ano do ensino médio. “Sou um cidadão independente. Posso votar”, acrescenta o estudante.Para esses jovens, que por enquanto conhecem pouco sobre os atores e partidos políticos que pululam na cena nacional, para quem a esfera pública ainda se apresenta dissociada de sua realidade, como um mundo intangível, mesmo assim, a política reveste-se da ideia de transformação.
Transformação esta, possível “na hora da política”, o que equivale a dizer, “na hora do voto”.Bárbara, Jessica e Eduardo titubeiam quando perguntados sobre quem são os pré-candidatos que se colocam no cenário da disputa eleitoral para a Presidência da República. “Ai… deu um branco” ou “Ihh… como é que se chama aquele mesmo?”. Mas recitam a cartilha da cidadania com desenvoltura. “Não só o primeiro, como todos os outros votos, são a principal forma de participação política. Vamos dar a nossa opinião, depois de ouvir com atenção, conversar e debater para não fazer burrada”, prega Bárbara. “Anular o voto, jamais. É o primeiro passo de um cidadão. Vou escolher o futuro”, sustenta Eduardo.
Consciência Diferentemente dos colegas, André Lopes, de 17 anos, estudante do terceiro ano do ensino médio, recita com desenvoltura os nomes dos pré-candidatos. “Dilma, Serra, Marina Silva e tem o marido da Patrícia Pillar”, afirma, referindo-se ao deputado federal Ciro Gomes (PSB), que ainda não tem garantida a legenda para abrigar a sua candidatura. “Ainda não sei em qual deles depositarei minha confiança. Mas tenho tempo para decidir quem vai fazer deste um país melhor”, acrescenta o estudante.Os sonhos e as expectativas desses jovens, que assinam o recém-confeccionado título eleitoral, animam Ieda Catarina Quirino, chefe do Cartório da 28ª Zona Eleitoral.
“Este é um atendimento itinerante, dentro de um projeto das escolas e dos movimentos estudantis secundaristas em parceria com o TRE-MG. Instalamos esta seção onde somos solicitados”, acrescenta a funcionária da Justiça Eleitoral. Hoje, o projeto será levado à escola Funec Inconfidentes, em Contagem. Amanhã, será a vez dos alunos da escola Funec Riacho, também em Contagem.A partir da lista de escolas e colégios indicados pelos movimentos estudantis e de acordo com a demanda de trabalho do cartório eleitoral mais próximo e as possibilidades de cada escola, o TRE-MG desloca o atendimento.
O apoio do TRE-MG à campanha “Se Liga 16”, que incentiva o alistamento eleitoral e a participação política dos jovens entre 16 e 17 anos foi acertado em reunião entre o presidente do TRE-MG, desembargador Baía Borges, o deputado estadual Carlin Moura (PC do B) e os dirigentes de entidades representativas dos estudantes do Estado.
Fonte: O Estado de Minas