Três dias depois do prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, anunciar o reajuste da tarifa de ônibus de R$ 2,25 para R$ 2,75, a Justiça expediu liminar suspendendo o aumento da passagem. Estudantes se manifestam desde a segunda-feira (10) contra o reajuste com atos que fecharam as principais ruas de Manaus.
O decreto da prefeitura foi publicado no Diário Oficial do Município no dia 7 de outubro e prevê, além do reajuste da tarifa do transporte coletivo convencional, aumento de 83% para os ônibus executivos e fim da ‘domingueira’ (tarifa reduzida aos domingos).
Como justificativa para o aumento, o prefeito usa a entrega de ônibus novos, mas a promotora de Justiça Especializada na Proteção e Defesa do Consumidor, Sheyla Andrade, duvida da informação. “Ainda não estamos certos disso. Queremos que as empresas comprovem que eles não são ‘maquiados’, apresentando as notas fiscais de todos eles, já que não podemos realizar a perícia em todos esses veículos de forma imediata”, afirmou.
Manifestação
Lideranças estudantis universitários e secundaristas mobilizaram, por meio de cartazes e mídias sociais, mais de 400 estudantes para reivindicar o aumento da passagem de ônibus, na tarde da terça-feira passada. Usando tambores e um carro de som, estudantes cantavam palavras de ordem contra a decisão do prefeito durante a caminhada.
Para Pricila Oliveira, presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES), não basta apenas a substituição dos ônibus, mas repensar a estrutura do transporte. “É necessário ir além de nova frota, é preciso pensar em um plano de mobilidade urbana em um conjunto”, declarou.
A presidente da União Estadual dos Estudantes do Amazonas (UEE-AM), Beatriz Calheiro, promete novas manifestações. “Se não houver resposta das autoridades, há uma expectativa de paralisação por parte dos estudantes”, afirmou.
A passeata saiu da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por volta das 17h, contornou o complexo Gilberto Mestrinho retornando para a Universidade pela outra via da Avenida General Rodrigo Otávio.
Mais de 30 policiais militares do Comando de Policiamento da Área (CPA) Leste estiveram no local para auxiliar no trânsito. Segundo o Tenente Coronel do CPA Leste, Júlio Simonetti, os líderes estudantis entraram em contato com o policiamento dias antes e acordaram o uso de apenas uma via por vez.
Os estudantes reclamavam também da data escolhida pela prefeitura para iniciar o reajuste. Segundo o presidente do Centro Acadêmico de Geografia da Ufam, Maik Fonseca, o prefeito tentou dificultar a mobilização dos estudantes. “O Amazonino colocou o aumento para um feriado tentando nos calar. Hoje é apenas o primeiro dia de mobilização, só vamos parar quando a tarifa baixar de novo”, completou.