Em um maciço movimento contra violência nas escolas, cerca de 200 estudantes de grêmios estudantis e representantes das entidades nacionais, UBES e UNE, realizaram nesta terça-feira (30) ato de reivindicação em frente à Secretaria de Educação de Alagoas. As pautas apresentadas pelos estudantes denunciam o cenário da falta de segurança no ambiente escolar, em que, na última semana, registra o caso de duas escolas alagoanas invadidas por meliantes que pularam os muros, renderam e assaltaram os estudantes presentes no local.
Durante o ato, os secundaristas alagoanos questionaram a falta de policiamento na porta das escolas, onde acontecem assaltos diariamente, exigindo posicionamento e medidas imediatas do governo para questão de segurança. A mobilização resultou em uma reunião com a Secretária Adjunta de Educação do estado, que se comprometeu inicialmente com ações específicas voltadas para o Centro de Pesquisa Aplicada (CEPA).
Além da questão de segurança, os estudantes exporam a falta de compromisso do governo do estado com a educação, denunciando a preocupação das turmas que estão sem professores em matérias essenciais como português, matemática e geografia enquanto a data do vestibular se aproxima.
Questões estruturais como a reforma das escolas e a falta de laboratórios que dificultam a aprendizagem das disciplinas também receberam atenção da pauta dos estudantes, evidenciando que a juventude alagoana permanecerá pressionando por melhorias no ensino público de seu estado. Veja a Carta de reivindicação na íntegra que segue abaixo.
Carta de Reivindicação dos Estudantes
Caro Secretário de Educação
Senhor Adriano Soares,
Nós, estudantes da rede estadual de ensino, representados neste ato por nossas entidades de representação estudantil. Vimos, por meio desta, apresentar nossa insatisfação e reivindicar o compromisso do governo do estado com os pontos que serão abordados a seguir.
Primeiramente, queremos alertar para o nível de insegurança com o qual temos que conviver em nossas escolas. Na última semana, duas escolas do Centro de Pesquisa Aplicada (Afrânio Lages e PREMEM) foram invadidas por assaltantes que roubaram os estudantes dentro do próprio espaço escolar. A violência se tornou rotina na vida dos alagoanos, trata-se de um enorme problema, o qual não está apenas nas ruas, mais também em nossas praças, residências e agora, em nossas escolas.
Não compartilhamos da opinião de que violência é simplesmente assunto de polícia. A questão da violência é complexa e não deve ser tratada apenas pela ótica da segurança pública. Neste sentido, tratar os estudantes e a população como “bandidos”, até que se prove o contrário, é uma visão arcaica e da qual não podemos esperar nada, a não ser a criminalização e opressão dos jovens e dos trabalhadores.
Para combatermos a violência em nossas escolas precisamos que o governo do estado mude sua postura. Precisamos de uma educação de qualidade, isso exige professores valorizados e infraestrutura adequada, exige espaço para prática esportiva e cultural nas escolas e nos bairros. É urgente que o estado tenha uma política própria de profissionalização que crie oportunidades de empregos para os jovens.
Acreditamos que o CEPA possui condições e características para ser um espaço que se torne exemplo de como quando políticas públicas acertadas são implementadas, se consegue obter resultados satisfatórios. Porém, o que temos visto são reformas atrasadas e subutilização da estrutura deste centro, quando não nos deparamos com o abandono e descaso do governo com o CEPA e as demais escolas da rede estadual.
Por fim, temos convicção que a situação de nossas escolas e de nossa segurança melhorará se forem cumpridas as seguintes reivindicações:
Desenvolvimento de um plano de emergência para o término das reformas nas escolas;
Pelo fim das políticas de conteúdo privatizante, a exemplo da Lei nº 7.288/11 que libera o patrocínio de empresas privadas nos uniformes escolares;
Desenvolvimento por parte da secretaria de educação de ações que envolvam a população em atividades no CEPA e nas demais escolas durante os finais de semana. Aproveitando e melhorando a infraestrutura destes espaços;
Pelo fortalecimento da gestão democrática nas escolas e no sistema de ensino como um todo, garantindo condições para o trabalho dos conselhos escolares;
Pelo respeito à autonomia das escolas, chega de afastamentos de diretores e conselhos eleitos democraticamente;
Valorização dos trabalhadores da educação. Que o governo do estado cumpra os acordos firmados com a categoria;
Por reformas de verdade e que garantam em cada escola: uma quadra de esporte; laboratórios de informática; bibliotecas atualizadas; salas climatizadas; sala do grêmio estudantil e lousas digitais.
Garantir no ensino médio a formação dos estudantes em informática básica;
Garantir o direito de livre organização dos estudantes;
Manter os Portões que dão acesso ao CEPA fechados após o encerramento das aulas do turno noturno;
Aumentar o número de rondas da polícia durante os três turnos e a madrugada;
Melhorar a iluminação dentro do CEPA e nas proximidades das demais escolas;
Concurso para reforçar o Batalhão Escolar, garantindo condições para existência das rondas e a presença destes profissionais nas escolas;
Expansão do sistema de transporte escolar para o período noturno.
Assinam esta carta:
Grêmio Estudantil da Escola Estadual Moreira e Silva
Grêmio Estudantil da Escola Estadual Afrânio Lages
UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
UNE – União Nacional dos Estudantes
UJS – União da Juventude Socialista