Ao longo de nossa história, a sociedade tem longos acúmulos no que se refere à falta de reconhecimento do papel da mulher na sociedade, durante longo tempo a história foi escrita apenas sob a ótica masculina, desde os espaços domésticos a grandes mobilizações e conquistas do povo.
A divisão sexual do trabalho, discriminação contra as mães trabalhadoras e a participação das mulheres no poder, a jornada dupla de trabalho, a falta de uma rede de creches públicas e educação integral e a permanência da concepção de que os cuidados do lar são exclusivos da mulher, permanece como os principais obstáculos para a construção da autonomia feminina.
É intolerável a violência contra as mulheres e meninas em todas suas expressões, esse é um fenômeno antigo e considerado o crime mais encoberto no mundo, legalizado através dos tempos. Temos que comemorar no Brasil, o combate cada vez mais intenso nos últimos 5 anos com a implementação da Lei Maria da Penha e com a aprovação recentemente da validade da lei para namorados, ainda assim acabar com a violência contra as mulheres se apresenta como um grande desafio de toda a sociedade.
É importante destacar o papel transformador da educação não sexista nesse novo Brasil, garantindo o cuidado das crianças, educando-as como cidadãos conscientes, capazes de problematizar e opinar, formar culturalmente e garantir espaço no mundo do trabalho, sendo a educação uma das responsabilidades que o Estado deve assumir juntamente com a mãe e o pai para a educação dos filhos e emancipação da mulher.
Há 190 anos da Proclamação da República, 80 anos da conquista do voto feminino, termos eleita uma presidenta da república, pela 1° vez presidirmos o TSE e uma indústria petrolífera no mundo (Petrobrás), sermos hoje 51% da população brasileira e do eleitorado, chefiarmos a maioria das famílias, termos maior tempo de estudo, recebemos cerca de 30% menos que os homens na mesma profissão e nos deparamos ainda com problemas estruturais em nosso cotidiano, o que limita a participação da mulher na vida social e política do país.
Mudar esse cenário histórico perpassa obrigatoriamente pela ocupação das mulheres nos espaços de decisão, para isso, é imprescindível uma Reforma política, que além de democratizar o processo eleitoral no país, abra espaço para a participação feminina, com lista pré-determinada com alternância de gênero e cota de 30% para as mulheres, além de políticas de incentivo a participação feminina, resultando em um novo cenário político e social.
A construção de um novo Brasil apenas será possível com a diminuição das desigualdades sociais, com a inserção das mulheres nas diversas áreas de desenvolvimento, garantindo também a autonomia financeira e emancipação das mulheres, construindo uma sociedade com espaço para homens e mulheres.
Manuela Braga
Mulher e presidente da UBES