Líderes estudantis enfrentam repressão policial e participam de atos e manifestações em defesa dos professores estaduais, da capital e da rede técnica que estão em greve a quase 2 meses pela revisão do plano de carreira.
O Movimento Estudantil no Rio de Janeiro esteve presente nos atos em apoio a paralisação dos professores de toda a rede estadual, que iniciaram greve no dia 8 de agosto tendo como bandeira a revisão do Plano de Cargos, Carreiras e Remunerações (PCCR), que deixa de fora 90% da categoria segundo dados sindicais.
“Os estudantes são solidários aos seus professores, pois entendem que profissionais que ganham mal e estão sendo oprimidos ficam desmotivados a trabalhar e com isso o estudante perde, todos perdem. Por essa razão vamos às ruas com eles, para mudar o quadro na educação que hoje é triste”, comenta a presidenta da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas do Rio de Janeiro (AMES-RJ), Bárbara Melo.
A juventude fez parte da ocupação da Câmara Municipal na sexta (27/9), junto aos professores os estudantes acamparam em frente à Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. O ato foi responsável por organizar pacificamente atividades como saraus e confecções de cartazes, quando no sábado, dia seguinte da simbólica ocupação, foram expulsos. As mobilizações prosseguiram até a terça-feira (01/10), dia da votação do PCCR na Câmara.
Gabriel Lopes, presidente da União Estadual dos Estudantes Secundaristas do Rio de Janeiro (UEES-RJ) e vice-presidente regional da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) afirma: “O que os professores estão discutindo e defendendo agora, coisas como o plano de cargos, o papel da escola e a reforma pedagógica também afeta o estudante”.
Um ponto de destaque para profissionais da rede estadual e estudantes foi a truculenta ação policial durante a manifestação na Cinelândia, centro da capital carioca. Gabriel diz ainda: “A polícia do Rio reagiu de forma espantosa, sem um critério definido para repressão. Eu fui preso por estar falando palavras de ordem em frente à Câmara, no dia da votação”, testemunha o líder estudantil.
A decisão de manter a greve veio após a realização de uma assembleia na última quarta-feira que reuniu professores, estudantes e seus pais entorno da pauta. Os profissionais da educação afirmam que a greve só chegará ao fim com a elaboração de um novo plano, já que a proposta atual, assinada pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes cobre somente 7% da categoria de acordo com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe).
A professora de história do Colégio Estadual Visconde de Cairú, Ana Lúcia, destacou na assembléia que “quando o aluno participa desses movimentos com o professor, ele também está aprendendo no dia a dia como a política educacional é montada”, comenta. “A educação não é feita só pelo professor e também não é feita só em sala de aula”, completa.
Segundo o sindicato da categoria, as propostas apresentadas pelo governo foram insuficientes e ainda não há uma abertura clara para negociação. Os professores não foram consultados sobre o plano.
Na terça-feira (01/10), 58º dia de greve, houve conflito e confusão nas ruas no entorno da Cinelândia, quando membros da categoria tentaram acompanhar a votação que pedia que o Plano de Cargos e Salários entrasse em regime de urgência na pauta dos vereadores da Câmara, mas foram barrados gerando confronto entre policiais e manifestantes.
Sem resposta à reivindicação dos profissionais da educação, o projeto de lei do PCCR dos professores do município do Rio foi aprovado na noite da mesma terça, em reunião extraordinária da câmara. Agora a redação final do projeto vai para a sanção do prefeito. Para a categoria a greve continua.