AMES e UEES-RJ lançam nota de repúdio à arbitrariedade da polícia no Rio de Janeiro
A Polícia do Rio de Janeiro prendeu no último sábado (12/07) 19 pessoas sob a alegação de que elas iriam realizar protestos no domingo durante o último jogo da Copa do Mundo. Dois deles são adolescentes, e foram presos por envolvimento em atos violentos, durante manifestações de rua ocorridas no estado.
Na madrugada dessa quinta-feira (17/07), segundo informativos do coletivo Mídia Ninja, 12 presos políticos foram liberados, restam 5 presos e 9 foragidos. Ao todo, a Justiça expediu o cumprimento de um total de 26 mandados de prisão, entre eles correspondentes pelo crime de formação de quadrilha armada, com pena prevista de até três anos de reclusão.
As entidades estudantis cariocas, assim como a UBES e a UNE, se manifestaram frisando que protestar, manifestar-se e organizar reuniões são direitos constitucionais. Leia na íntegra:
No dia 12 de Julho, enquanto o mundo se preparava para assistir a final da Copa, o estado do Rio de Janeiro se articulava pra mais um show de repressão à livre manifestação na Praça Saens Peña. Com mandados de prisão temporária expedidos, o Ministério Público estadual e as Polícias Civil e Militar realizaram a prisão arbitrária de 19 manifestantes, configurando mais um lamentável atentado à democracia vigente.
Essas prisões representam um precedente muito perigoso para a Justiça. Fundada em previsões sobre possíveis e pouco fundamentadas atividades criminosas, ainda com a bizarra acusação do crime de quadrilha armada, essa foi a forma encontrada de reprimir aqueles manifestantes.
Para completar, no dia seguinte, 13 de julho, outra manifestação foi duramente repreendida pela Polícia Militar, deixando dezenas de feridos. Hoje, dia 15 de julho, a justiça negou os Habeas Corpus dos acusados. Trata-se de mais uma tentativa de proibir qualquer questionamento da realidade, cenário esse que vem sendo cada vez mais corriqueiro no Rio de Janeiro. A prisão arbitrária dos manifestantes é um ataque à democracia e a aqueles que lutam por ela.
A Associação Metropolitana dos MES e a UEES repudiam as arbitrariedades do Estado do Rio de Janeiro. Não aceitaremos que 1964 volte a existir e por isso estamos demandando não só a liberdade imediata dos presos políticos, mas também que essa prática não se repita, em respeito à história de luta da sociedade brasileira, à democracia, aos Direitos Humanos e à livre manifestação.
Rio de Janeiro, 15 de Julho de 2014.