Do alto do carro de som e em coletiva de imprensa, UBES questiona governador do estado de São Paulo sobre o combate à homofobia dentro das escolas e a discussão do PNE como instrumento central
Direito à diversidade e o papel da escola na formação de uma sociedade diversa que respeite os grupos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) levou os diretores da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) à 18ª Parada Gay de São Paulo, no último domingo (04/5). Reunindo as mais diversas tribos, famílias, movimentos sociais, pastores e celebridades, cerca de 100 mil pessoas participaram do evento que pediu às autoridades a aprovação de leis contra a homofobia.
A presidenta da UBES, Bárbara Melo, e o diretor de Cultura da entidade, Wesley Machado, também estiveram presentes no ato que percorreu a avenida Paulista, a rua Consolação até a praça Roosevelt. Os líderes do movimento estudantil – ambos declarados bissexuais e simpatizantes com as pautas de diversidade e combate à homofobia apresentaram em coletiva de imprensa o posicionamento nacional dos estudantes.
“Em um país que passa por um vasto processo de desenvolvimento é inadmissível que jovens LGBT estejam em condições precárias de atendimento nos diversos serviços públicos e privados como as instituições de ensino. As escolas tem como fator de evasão na maioria dos casos esses mesmos estudantes que abandonam os estudos por sofrerem atitudes de extremo preconceito, responsável por muitos dos casos de perseguição e extermínio”, afirma Bárbara.
A abertura da Parada Gay aconteceu com a coletiva de imprensa iniciada pela manhã, com a ministra dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti, governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckimin, o prefeito da cidade, Fernando Haddad, o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT), Fernando Quaresma e comerciários que patrocinaram a realização.
Os líderes estudantis abriram a série de perguntas, quando a presidenta da UBES questionou ao governador sobre a realidade das escolas que não estão preparadas para atender e relacionar os estudantes gays que permanecem sendo vítimas dessa falta de estrutura. Em um cenário de desordenado índice de homofobia nas salas de aula, Bárbara indagou quais são as políticas públicas estaduais.
Conforme relata Wesley, a resposta de Alckimin foi bem evasiva, “afirmando apenas que os professores são preparados em sua formação” – mesmo não sendo essa a realidade cotidiana da juventude. Em todo o percurso da Parada, os secundaristas realizaram intervenções conscientizando a população sobre a importância deste debate, abordando o Plano Nacional de Educação (PNE) como instrumento.
“Perdemos a batalha na Comissão Especial no último dia 23/04, em que o lobby da bancada religiosa votou contra e suprimiu a questão de gênero no texto-base do projeto. É nossa pauta garantir nas próximas votações o direito do jovem ser quem ele é e amar a quem e como ele quiser. Vemos na Parada Gay a força de mobilização capaz de colocar milhões de pessoas na rua para reivindicar a questão da visibilidade desses grupos e o tratamento que ainda não temos”, conclui Wesley, apontando a necessidade de uma escola mais inclusiva na qual todos sejam iguais e não sofram preconceito.
Nesta mesma oportunidade, o movimento secundarista pôde encontrar em um bate-papo informal com Laerte Coutinho sobre a luta no Brasil e dialogar com o ex-presidente da UBES e atual secretário de Cultura, Juca Ferreira, sobre as demandas da juventude entorno do tema.
Considerada uma das maiores do mundo, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo completou 18 anos. O evento, que normalmente ocorre durante o feriado de Corpus Christie, foi antecipado devido ao calendário da Copa do Mundo, cuja abertura acontecerá na capital paulista no dia 12 de junho.
Da Redação