Câmara rejeita emenda que garantiria 10% de vagas para mulheres no legislativo, mas a UBES segue na luta
O Plenário da Câmara dos Deputados rejeitou nesta terça-feira (16) emenda apresentada pela bancada feminina à reforma política (PEC 182/07, do Senado) que garantiria 10% de vagas no Legislativo para as mulheres. Foram 293 votos a favor do texto, mas o mínimo necessário era de 308.
Para pressionar a votação, no período da manhã foi lançada a cartilha “Mais Mulheres na Política”, com o objetivo conscientizar a população e os políticos da importância das mulheres ocuparem as cotas dos partidos e assumirem mais mandatos. Desde 2010, a alteração na Lei de Cotas de Gênero (Lei 12.034/09) destina 30% das vagas dos partidos políticos às mulheres. Na prática não atinge 10%.
A coordenadora da Bancada Feminina na Câmara, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), pediu conscientização de partidos e da sociedade, diante do fato das mulheres, mesmo sendo maioria da população, ainda ocuparem uma minoria de cargos políticos.
“Queremos que os espaços nos partidos políticos sejam ampliados. Que as mulheres possam ocupar espaços de poder nas executivas dos partidos. Nós queremos que a estrutura dos partidos políticos favoreça as mulheres tais como: horários de reunião, até creche em convenções partidárias para que as mulheres possam participar”, afirma a parlamentar mineira.
As presidentas da UBES e da UNE — Bárbara Melo e Carina Vitral, respectivamente — destacaram a importância da mulher nos espaços de poder: “É preciso garantir, dia após dia, o lugar da mulher no debate político, para que sejamos, cada vez mais, protagonistas das decisões deste país”, disse Bárbara.
Em sua saudação, Carina Vitral destacou as dificuldades enfrentadas a força e das mulheres em um Congresso dominado por homens e, muitas vezes, pelo machismo, e colocou o movimento estudantil à disposição das congressistas na luta pelas cotas femininas nos partidos políticos.
“A UNE, assim como a UBES, soma forças a todas aquelas que querem avançar na política, ocupar mais espaços de poder. Podem contar com as estudantes, pois aqui estaremos, sempre na luta”, afirmou a presidenta da UNE.
Na luta defendida pelo movimento estudantil por uma reforma política democrática, um dos destaques é a cota para participação das mulheres na política por acreditar que, para o Congresso ter a cara do povo, precisa ser representado por aqueles que são a maioria no país. Hoje, as mulheres são 52% dos eleitores brasileiros, em contrapartida, na Câmara, a representação feminina é de apenas 45 deputadas contra 468 homens.
Segundo informado na cartilha “Mais Mulheres na Política”, o Brasil ocupa o posto número 156 em um ranking de 188 países que considera a representação feminina no Parlamento feito pela União Interparlamentar. Está atrás até de países onde as mulheres têm menos direitos do que homens. Nas eleições do ano passado, 51 mulheres foram eleitas dentre os 513 deputados.
Da Redação, com informações da UNE.