*Artigo por Camila Lanes, presidenta da UBES
Hoje cedo acordei, fui até a padaria comprar um pão quentinho para comer, afinal, dia de luta é geralmente aquele dia que você não se alimenta tão bem.
Chegando lá, descubro o óbvio, com a paralisação dos ônibus e metrôs, o padeiro não foi trabalhar, e parafraseando o Criolo “a cidade está toda travada, é greve de busão, tô de papo pro ar”. Bom, comprei ali um pouco de pão e mortadela, fui para casa, tomei meu café e sai de prontidão para logo entender que a greve geral tomou proporções maiores do que eu imaginava.
O metro totalmente parado, ônibus parados, o trânsito beirando o caos. A opção? Ir a pé. Após andar 20 minutos até a sede das entidades, percebi que hoje seria um daqueles dias que serão marcados na história! A primeira prova disso foi ver os mesmos metroviários que aderiram à greve realizando um trabalho de mobilização imenso. Vi vários deles distribuindo panfletos e realizando debates com quem estava passando na calçada.
Sabe aquela cena do filme “As Sugrafistas”, em que uma das ativistas está na saída da fábrica convocando as demais mulheres a aderirem à luta pelo direito ao voto? Foi essa cena que eu vi mais de dez vezes hoje, mulheres, homens, estudantes e até aposentados somando na greve geral e explicando pro resto da população sobre os motivos.
Agora estou a caminho da República, onde devo encontrar milhares de professores em uma assembleia geral que vai deliberar pela greve da educação no estado de São Paulo. Depois, Avenida Paulista, onde eu com toda a certeza vou encontrar mais de 100mil pessoas contra a reforma da previdência!
Concluo mais uma vez parafraseando Criolo e dizendo mais: “Eu que odeio tumulto, não acho insulto manifestação, para levar o pão quentinho, com todo o respeito a cada cidadão”.
A luta coletiva vale a pena. É por todas e todos nós. Por mais dias de pão murcho e greve geral até derrubarmos esse governo e impedir os retrocessos.
Aposentadoria fica, TEMER SAI!