Convocadas pelo movimento estudantil, mais de 1,8 milhão de pessoas protestaram nesta quinta, 30 de maio, contra os bloqueios orçamentários impostos pelo governo Bolsonaro para a Educação. É o segundo grande dia de atos desde que os cortes foram anunciados, um mês antes, e dá ainda mais força para uma nova data de luta, marcada para 14 de junho.
Com um “tsunami” de gente, participação em todas as capitais e crescimento no interior em relação aos atos de 15 de maio, o movimento aumenta o ânimo para a Greve Geral dos Trabalhadores e da Educação. A data foi convocada pelas centrais sindicais e endossada pelas entidades estudantis. Com isso, trabalhadores e estudantes pretendem unificar suas lutas em defesa da educação e da previdência social.
“A gente não arreda o pé até mostrar para este ministro que a educação é importante. Não existe Brasil desenvolvido, soberano e independente sem investir na educação pública”, denunciou o presidente da UBES, Pedro Gorki, às cerca de 300 mil pessoas que acompanhavam a manifestação em São Paulo (foto acima: Guilherme Imbassahy/CUCA da UNE).
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O ato da capital paulista foi o maior deles, seguido por Belo Horizonte (200 mil), Rio de Janeiro (100 mil), Salvador (100 mil) e Recife (100 mil). Além de todas as capitais, mais de 200 cidades registraram atividades.
O movimento teve grande repercussão na imprensa, com 13 minutos de cobertura no Jornal Nacional, que também registrou as reações a um comunicado autoritário do Ministério da Educação publicado no mesmo dia.
O público total de 1,8 milhão é estimado pela UNE, UBES e ANPG e não teve contagem da Polícia Militar.
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Enquanto aconteciam os protestos deste #30M, o Ministério da Educação (MEC) divulgou uma nota estimulando a denúncia de professores, estudantes e até famílias que divulgassem o movimento, em medida autoritária e ilegal.
Como reação, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação contra o ministro Weintraub no Rio Grande do Norte. O comunicado chamou atenção até da Procuradoria Geral da República (PRP). Vice-procurador-geral, Luciano Mariz Maia afirmou que a ação viola o artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante o direito à expressão e participação política.
Também causa espanto a abertura de um canal de denúncias de professores no MEC, pois o projeto Escola Sem Partido não foi aprovado em Congresso.
Para a UBES, a atitude desesperada do ministro evidencia falta de respostas reais para a pasta. “O ministro precisa parar de inventar uma guerra ideológica e trazer soluções práticas. Estamos falando de verbas. Exigimos planos concretos e financiamento para a escola e a educação”, diz Pedro Gorki, presidente da entidade secundarista.
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A exigência de verbas para escolas, universidades e ciência foi a reivindicação mais vista em gritos e cartazes pelo Brasil. Como no dia 15, muitos levaram mensagens sobre a inversão de prioridades entre armas e livros.
Alguns protestantes também fizeram referência a um vídeo postado no dia anterior pelo ministro Abraham Weintraub em que ele aparece com um guarda-chuva e fala sobre uma “chuva de fake news”. Por isso, uma das tags dos atos foi #TáChovendoProtesto.
Em algumas cidades, defensores da Educação precisaram de guarda-chuvas não apenas para ironia. Em Curitiba e Florianópolis, por exemplo, as manifestações realmente aconteceram debaixo de chuva.