Dezenas de estudantes em defesa do Colégio Estadual Odorico Tavares ocuparam o espaço por nove horas nesta terça-feira, 21/1. Provavelmente foi a última vez que jovens pisaram na escola antes de ser fechada e destruída, pois ela teve o encerramento das atividades anunciado em dezembro.
A unidade ocupa há 25 anos uma das áreas mais nobres de Salvador, o corredor Vitória, e chegou a ser uma das mais concorridas da cidade, mas não vinha mais recebendo cuidados nos últimos anos.
O governo estadual anunciou que leiloará o colégio para o mercado imobiliário em troca da construção de outras unidades “mais próximas das famílias”. Por outro lado muitos estudantes, ex-alunos e professores defendem a circulação da juventude pela cidade além de seus próprios bairros, sem falar no desperdício de uma estrutura de excelência para mais de 3 mil estudantes.
“A verdade é que moradores da região não se sentiam seguros com a presença da escola estadual ali. Não podemos aceitar a existência de guetos na cidade”, explica a vice-presidenta da UBES, Débora Nepomuceno, que participou da ocupação, formada majoritariamente por jovens negros.
Entre os motivos para tirar a escola dali, a imprensa cita ainda o alto interesse que o mercado imobiliário tem no terreno. “Não dá para aceitar o fechamento de um colégio com esse tamanho e com essa importância”, diz Vinicius Calmon, diretor da UBES que também estava presente.
Mesmo com a chegada de mais estudantes após a ocupação inicial e demonstração de apoio com doação de mantimentos, a Polícia Militar não permitiu entrada e saída da escola, cortou luz e água do espaço. Após nove horas de resistência, a Polícia Militar ameaçou entrar e estudantes deixaram a escola sem ter atendida sua reivindicação por diálogo com a Secretaria de Educação.