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Somente uma nota 1000 do ENEM 2024 vem de escola pública

Novo Ensino Médio mostrando ao que veio: destruir a escola pública.

O resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2024 escancarou, de forma triste e revoltante, a falácia do sistema educacional brasileiro. Com o Novo Ensino Médio, o país perpetua a desigualdade entre escolas públicas e privadas. No Brasil, onde ainda há quem defenda a reforma do Ensino Médio, a promessa de uma educação mais justa e de qualidade para todos se mostra, mais uma vez, uma utopia distante para os estudantes mais pobres.

De um lado, herdeiros da classe alta brasileira ocupam as cadeiras das universidades públicas e defendem a meritocracia como método de permanência no “sucesso”; de outro, os filhos da classe trabalhadora perdem a esperança na educação como meio de transformação de vida e enxergam o trabalho braçal, os subempregos e a perpetuação de sua classe social como únicas alternativas: “estudar? Não é para mim. Universidade? Não é meu lugar”.

O dado mais alarmante foi a constatação de que, das doze redações nota mil, apenas uma era de um estudante de escola pública. Um reflexo claro da assimetria do sistema educacional no Brasil. O novo Ensino Médio, ao invés de representar uma verdadeira mudança na educação, apenas aprofundou as desigualdades, deixando evidente seu verdadeiro objetivo: afastar os estudantes de escolas públicas das oportunidades. Essa exclusão, disfarçada de modernização, tem nos itinerários formativos seu principal elemento.

Os itinerários formativos, que não formam ninguém, deveriam possibilitar uma educação mais conectada aos interesses dos estudantes, mas acabaram se tornando um labirinto burocrático e inacessível para a maioria dos alunos. Eles serviram, na prática, para excluir disciplinas importantes do currículo escolar, que, mesmo removidas da grade da escola pública, continuam sendo cobradas no vestibular.

Isso revela o objetivo implícito de colocar os estudantes pobres em desvantagem em relação aos estudantes de escolas particulares, que não sofreram alterações com os itinerários, além da falta de capacitação dos professores e da desigualdade de materiais e recursos nas escolas públicas. Com o resultado do ENEM 2024, fica claro que o Novo Ensino Médio veio, na verdade, para frear as mudanças que estavam ocorrendo nas universidades, muitas delas graças às cotas e também para aprofundar as divisões entre as classes sociais, tornando a educação ainda mais excludente.

É urgente revogar o modelo de Ensino Médio que já causou tanto estrago ao nosso país. Mais do que isso, é necessário realizar uma reformulação profunda no Exame Nacional do Ensino Médio. O ENEM precisa ser repensado para que não continue a reproduzir e legitimar as desigualdades do sistema educacional, tornando-se, finalmente, uma ferramenta mais inclusiva e justa.

A única maneira de combater verdadeiramente a exclusão social e garantir a igualdade de oportunidades é reconstruir o sistema educacional brasileiro a partir de suas bases, com políticas públicas que priorizem qualidade e equidade para todos os estudantes, sem exceção.

Por isso, assim como gritamos aos quatro cantos deste país, dizemos mais uma vez:

Revoga Já! Reformula o ENEM!

Artigo por Hugo Silva, presidente da UBES