Com grandes avanços no setor da educação no que diz respeito à luta por políticas públicas que visem resgatar a dívida econômica, social, política e cultural da população negra do Brasil, no dia 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) relembra à toda sociedade a importância da comemoração apontando um saldo mais que positivo de vitórias na pauta que indica valores cada dia mais consistentes para construção de um Brasil mais igual para todos e todas.
Há pouco menos de três meses, acompanhado da união de diversas frentes estudantis, educacionais e sociais do país, um grande passo representou a modificação do sistema de segregação do negro demarcando em contrapartida a sanção da Lei da Reserva de Vagas nas universidades federais, em que estudantes autodeclarados negros, pardos e indígenas terão cotas proporcionais ao número desse grupo de pessoas que vivem no Estado onde está localizada a universidade.
“Estamos só no começo”, esta é a declaração de Manuela Braga, presidenta da UBES que acompanhou e pressionou junto com toda juventude secundarista as diferentes instâncias do governo para que esta bandeira histórica da entidade fosse possível, abrindo portas para “um Brasil mais coloridos”, como comenta a jovem.
“Acumulamos conquistas históricas, mas nada se equipara com cotas nas universidades, bandeira histórica da UBES desde a década de 90, popularizar a universidade e proporcionar que o negro tenha perspectiva igual ao branco na transformação social é contribuir para um país mais justo. O Dia Nacional da Consciência Negra é um encontro com a história do nosso povo, do que já conquistamos e do que ainda queremos conquistar”, afirma Manuela.
DA RESERVA DE VAGAS AOS ESPAÇOS DE DECISÃO
Um dos grandes valores do homem é seu reconhecimento pessoal como indivíduo social, e em indicativa da afirmação e reconhecimento de suas raízes, a população negra tem se reconhecido socialmente após séculos de escravidão. Segundo aponta o próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas que se classificam como pardas ou pretas cresceu, em 43,1% nos últimos 10 anos, o que significa que cerca de 82 milhões de pessoas passaram a se reconhecer como negros compondo a sociedade brasileira.
Carregado de conquistas, já prevendo novas frentes de luta para juventude brasileira, o movimento estudantil secundarista também acompanha além da garantia de acesso à educação – um dos pilares para o desenvolvimento do país, social, econômico e cultural, a UBES esteve presente no lançamento do Plano Nacional de Prevenção à Violência contra a Juventude Negra e permanecerá posiciona por mudanças.
“A juventude sempre foi protagonista nas grandes mudanças sociais, e ainda assim, enfrentamos em pleno século XXI um Brasil que traz marcas agudas da marginalização dessa mesma juventude, em especial a juventude negra”, defende Manuela diante dos índices que apontam 53% dos homicídios registrados no Brasil são jovens, dos quais mais de 75% são negros (as) e de baixa escolaridade.
Hoje, entre conquistas e novos caminhos que indicam muita luta, os estudantes juntamente com a UBES estão dentro de suas escolas, nos grêmios estudantis e em todo território brasileiro buscando consolidar novas vitórias nesta frente de batalha contra o racismo e toda forma de segregação, buscando por meio de ações afirmativas tornar possível a mudança dos índices uma realidade que se transforma dia após dia.