Tema já bastante discutido, a reforma ganha novos ares no Congresso, debatendo tecnologia, verba, estrutura de funcionamento e mais, somando a voz das experiências dos convidados à realidade dos estudantes
Debate que acumula histórias e opiniões, mas ainda não é efetivo no país é a Reformulação do Ensino Médio, que nada mais é o período entre o preparo do fundamental e a entrada no ensino superior e no mercado de trabalho. O ensino médio hoje não tem êxito em sua função, fato vivido pelos estudantes e estudado por especialistas, todos em busca de uma renovação, uma reformulação que mude esse quadro. As duas partes se encontraram no 40º CONUBES para debater essa mudança, a discussão apresentou argumentos enriquecedores nessa construção.
Na escola, uma das primeiras coisas que um professor diz aos estudantes ao entrar em sala costuma ser ‘desliguem os celulares’, quando devia ser o contrário ‘liguem e usem para aprender’. O acompanhamento tecnológico e o uso de novas ferramentas para melhorar a educação fazem parte da reforma, como aponta a secretária regional da Sociedade Brasileira do Progresso Cientifico em Minas Gerais (SBPC-MG), professora Andrea Mara Macedo, a tecnologia precisa ser uma aliada: “Como podemos pedir ao estudante que se fixe nos livros se ele pode aprender mais online? Estamos então bloqueando o desenvolvimento dele”.
Pesquisando imagens de todo o mundo da escola e da juventude, é possível ver que neste contexto os estudos e as instituições de ensino são ligados ao desanimo, à coisas ruins e tempo perdido. O modelo atual não atende a juventude, não acrescenta na sua formação como deveria ou a representa, seus interesses são excluídos e a realidade em que vivem é separada da educação que recebem.
A interdisciplinaridade é um aspecto importante das propostas, modificando a visão da matéria como algo preso a carteira da classe e o horário de aula. A matemática, por exemplo, seria ensinada com o cotidiano do estudante, seja pagando uma conta, comprando um objeto ou administrando o salário.
O melhor caminho para a Reforma é a questão chave
O modelo ideal de interdisciplina porém ainda é incerto, para a Secretária de Organização da Central Nacional de Trabalhadores em Educação (CNTE), Marilda de Abreu Araujo, implementar a reforma sem preparo seria piorar a situação, não uma conquista para a educação: “Sem estrutura adequada a mudança não funcionaria. No país temos de 30 a 40 mil escolas construídas para um modelo de ensino, que não funcionariam bem para outro. É preciso mudança e o CNTE pensa que nenhuma reforma vai vingar sem investimento”.
Outros problemas como a desvalorização do professor, com baixos salários, trabalho em várias escolas (sem poder fazer um acompanhamento maior de uma, por exemplo), juntos à luta por Gestão Democrática nas escolas também pesam. A democratização do ensino necessita ir além do voto para diretor, precisa de gestores capacitados ao cargo e que ele possa gerir a educação, não ficando preso à compra de papel higiênico e detergente que são aspectos diferentes da administração.
Um caminho para a luta está na sensibilização do povo e direcionamento político de parlamentares que mostram boa vontade, mas estão dispersos em 87 projetos de mudança na grade curricular por exemplo. O conselheiro de Educação do Rio Grande do Sul, Thalisson Silva, coloca que os esforços devem ser concentrados: “Só fazer a reforma agora, para melhorar a educação, não garante nada se não sair do papel. Seria mudar o rótulo e não o conteúdo”. A discussão prossegue.
Complementando a discussão nacional, esteve presente a presidenta da Federação Estudantil de Ensino Médio de Cuba (Federación Estudiantil de Enseñanza Media, a FEEM), Dayanis Serrano, que vê nesta discussão o empenho e a motivação dos brasileiros em revolucionar a educação: “Devemos continuar, reunir os laços entre as entidades e suas experiências, levando a mensagem de revolucionar o ensino”.