Mais um capítulo de luta dos secundaristas para retomar sua sede histórica acontece no Paraná
O movimento estudantil em Maringá (PR) iniciou há 12 dias mais uma luta vital em defesa da organização secundarista e pelo direito de manter viva a sua história. É nesse espírito de resistência que desde o último dia 9 de setembro, após inúmeras tentativas de negociação com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), os cerca de 25 jovens da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Maringaense (UMES) ocupam a sede histórica da entidade em busca de sua retomada.
Com o apoio da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), em qualquer hora do dia é possível ver os estudantes realizando debates, atividades culturais e esportivas no terreno localizado na Avenida Cerro Azul, na Zona 2. Ontem, (19/9), uma manifestação com secundaristas do Instituto de Educação de Maringá, do Colégio Estadual Gastão Vidgal e Basílio Itiberê entre outra instituições engrossaram as ações internas que permanecem sendo divulgados nas redes sociais e no Blog da UMES. Atualmente, o espaço não possui nenhum tipo de fiação elétrica, para comer e manter as despesas, os estudantes realizam pedágios.
A UBES apoia a ocupação estudantil que enfatiza a necessidade de organização dos estudantes. Segundo a diretora de Comunicação da entidade, Laura Eli, apesar de gestões que não deram continuidade ao trabalho, por vontade própria um empresário reformou a sede que está nas mãos do MP. “Estamos comprando uma briga com o MP, é em pleno diálogo que estamos organizando a ocupação. Já sabemos que a comunidade local reconhece o movimento e os moradores e vereadores estão assinando uma moção de apoio”, comentou. “Queremos que a UMES volte pra casa”, diz relembrando que a atual movimentação é semelhante às diversas batalhas travadas pela juventude brasileira.
Com a mesma irreverência que a UBES e a UNE ocuparam sua sede na Praia do Flamengo em 2007, a UMES traz em seu histórico o mesmo enfrentamento à ditadura militar que a pôs na ilegalidade, lutando durante séculos e reconquistando seu protagonismo nos espaços de decisão construídos pelo povo. Entre eles, destaca-se a luta pelas Diretas Já, organização do estado durante as manifestações do Fora, participou ativamente na conquista do voto aos 16 anos, no combate à ALCA, em defesa das cotas, entre inúmeras atividades a movimentações em defesa pela educação.
Retomar o espaço físico é só um dos pontos, a mobilização acontece entorno do terreno que é sede e patrimônio histórico da entidade há 50 anos, desde o início de 1959, quando por intermédio do Dr. Herman Moraes de Barros a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP) de maneira verbal, doou o espaço para livre organização estudantil. Na época em que o terreno foi doado, Carlos A. Borges estava na presidência e deu início à “Campanha do Tijolo” em busca de doações para construção do espaço. Uma maquete foi confeccionada pelo pintor Menezes, dando forma à casa dos estudantes que passou a ser reconhecida por toda sociedade maringaense, inclusive o poder legislativo.
Em 2006 a CMNP doa o terreno para o MP para instalar no local Promotorias Especializadas. Desde lá, segundo o blog da entidade (http://maringa.odiario.com) a sede esteve abandonada, sem manutenção. Desde 2010 os estudantes negociam com promotores o direito. Segundo o presidente da Umes, Gustavo Andres Barros, um dossiê foi entregue ao MP em julho deste ano, solicitando um acordo de compartilhamento do imóvel. A resposta, no entanto, foi negativa. “Só queremos que a sociedade maringaense lembre-se [com a ocupação] de quando essa casa era frequentada e tinha debates, monitoria e até um restaurante com preços bem baratos”.
Nos arquivos do poder Legislativo, constam 6 leis que reconhecem a existência da UMES, algumas delas afirmando que o terreno pertence à entidade secundarista.
1. Lei 108/1958 – Concessão de subvenção mensal para a UMES;
2. Lei 10/1959 – Declara a UMES utilidade pública da Cidade;
3. Lei 4167/1996 – Autoriza o Poder Executivo a conceder isenção do recolhimento dos impostos municipais da UMES;
4. Lei 4575/1998 – Dispõe sobre identidade estudantil;
5. Lei 5114/2000 – Autoriza o tombamento do prédio da UMES;
6. Lei 5092/2000 – Autoriza a doação de pedras britadas a UMES;
Da Redação