Em São Paulo, as mobilizações da Greve Nacional deflagrada no Brasil em defesa da educação pública e de qualidade entre o dia 23 a 25 de abril (veja mais aqui) ganham caráter regional. Com estudantes nas ruas, as pautas dos professores recebem apoio dos estudantes que, com cartazes nas mãos, palavras de ordem e muita disposição, nessa quarta-feira (24), realizaram no bairro Aricanduva um ato simbólico organizado pelos secundaristas da escola estadual Moacyr Campos, a Mocam.
Depois de conversarem nas salas de aula com os colegas de outras turmas e articular as ações nas redes sociais, o Grêmio Voz Ativa Estudantil (VAE) da Mocam foi quem organizou o ato que partiu da frente da escola. Apesar da prova aplicada nesse dia pela direção da escola, 50 estudantes percorreram a Avenida Inconfidência Mineira e a feira da região para declarar publicamente que a juventude está ao lado dos profissionais de educação.
Segundo o presidente do Grêmio, Samuca Oli de 16 anos, os estudantes declararam apoio à greve desde a assembléia que convocou a paralisação. “Estivemos na sexta-feira passada na assembléia, sabemos que a greve é uma tentativa de valorização aos profissionais que se dispõem a nos ensinar e a trazer a educação para o nosso país. Estamos insatisfeitos e inconformados com essa situação do governo, o que queremos é mudar essa situação caótica da educação no Brasil”, defendeu.
Samuca, a exemplo da atuação e importância dos grêmios estudantis no Brasil, já faz parte do grêmio há cinco anos, conta que este ano, a Mocam também foi representada na Jornada Nacional de Lutas da Juventude em São Paulo. “Estivemos na jornada, esse já o terceiro ato que participamos com a UBES e a UPES, além dos muitos outros que ainda virão”, afirmou o estudante do 2° ano do Ensino Médio.
Para o diretor da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), Otávio Costa, o ato sinaliza a unificação de professores e estudantes na luta pela educação pública e de qualidade. “O ato, além de demonstrar a indignação da comunidade escolar com a situação da educação, que hoje tem inúmeros problemas – que vão desde os baixos salários dos professores até as dificuldades dos estudantes de chegarem à escola-, mostra que para que essa situação de fato mude, é muito importante que toda a sociedade se mobilize em uma só voz em torno das pautas educacionais”, disse.
EM SÃO PAULO, GREVE PERMANECE POR TEMPO INDETERMINADO
Greve por tempo indeterminado não indica paralisação, muito pelo contrário, a agenda de greve dos professores de São Paulo está repleta de atividades que mobilizarão os profissionais da área da educação. As deliberações vieram da assembléia realizada na última sexta-feira (19/04), na qual segundo informações do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), mais de 20 mil professores decidiram cruzar os braços e já estendem o debate de suas pautas para pais e estudantes nas salas de aula, panfletagem e atos públicos que também constam na agenda.
Informativo de greve do sindicato informa: “Estamos exercendo nosso direito constitucional de greve para lutar pelas nossas reivindicações e temos a certeza absoluta de que o seu atendimento contribuirá, de forma decisiva, para a melhoria da qualidade de ensino nas escolas estaduais paulistas”.
Em um cenário em que a violência e falta de condições de trabalho adoecem os professores, o governo quer dar apenas 2% de reajuste, o que compreende R$ 0,19 por hora-aula. As pautas, todas apoiadas pelos estudantes são: a luta por 36% de reajuste, jornada do piso, fim da precarização, direitos para todos os professores e contra a privatização da assistência médica.