Com a força tática na porta das escolas, diretorias escolares tentam impedir a mobilização pacífica dos estudantes que pediam melhorias no ensino. Em uma das instituições na zona norte, secundaristas abrem chamado para novo ato
O estado de São Paulo foi um dos principais a compor a Paralisação Nacional dos Estudantes pautada pela UBES e toda classe estudantil nas escolas da zona norte. O tema que direcionou a escola estadual Brigadeiro Gavião Peixoto e a municipal Professora Therezinha Sartori foi “Pela Escola que Queremos” na última quinta-feira (17), evidenciando o quanto pode ser antidemocrático e inexistente o diálogo dentro das escolas.
No centro de Mauá, a maior escola do município, aderiu à paralisação, cerca de 300 secundaristas de ensino fundamental e médio iniciavam a oficina de faixas e cartazes para a paralisação, evidenciando como tema principal a necessidade de infraestrutura de qualidade e a falta de professores. Em contrapartida, a diretora da escola chamou a polícia militar e ameaçou chamar os pais dos estudantes que aderissem à paralisação.
Na escola também conhecida como “Viscondão”, o diretor da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), Daniel Wegmann que acompanhou todo o ato conta que houve a tentativa de reprimir e inibir a movimentação legítima dos estudantes. “Fomos reprimidos pela polícia e a diretora, apesar disso deu certo. Os estudantes comentam que essa é uma escola direção muito ditadora que não permite nem mesmo a formação do grêmio estudantil”, comentou relembrando que policiais da força tática estavam na porta do colégio.
Na próxima quinta (24), novas pautas serão levantadas junto à outras instituições de ensino da região, acesse o evento organizado no facebook Por Uma Nova Escola. Dessa vez, quem puxa o ato são os secundaristas da escola estadual Brigadeiro Gavião Peixoto, em Perus. Mais uma vez, esta é mais uma das escolas que não possui a organização e liberdade de movimentação do grêmio estudantil. Rafaela Lima, que também é diretora da UPES e acompanhou o ato afirma: “Estudar aqui é como se sentir em um presídio, por isso os estudantes querem mudar essa estrutura da escola, mas a diretora não deixa nem mesmo formar o grêmio estudantil”, denuncia.
Mesmo com a tentativa de impedir ação estudantil, os jovens da escola saíram em passeata pelo bairro à caminho de outra instituição de ensino – Manuel Bandeira.
Para UBES, a UPES e todo o movimento estudantil secundarista brasileiro, dar a voz e entender as necessidades dos estudantes que estão nas salas de aula é um dos principais passos para construir as mudanças na educação. A existência de diálogo e a gestão democrática é o caminho para conquistar a escola que queremos, e não com polícia na porta das instituições de ensino tentando reprimir o direito legítimo de organização estudantil.
Da Redação