Foram liberados na madrugada desta quarta-feira (29) os estudantes presos na noite de terça (28) durante um protesto contra o aumento da passagem de ônibus, em Goiânia (GO). Segundo advogados ligados à União Nacional dos Estudantes (UNE) e dirigente da União Estadual dos Estudantes de Goiás (UEE-GO), os 17 jovens, sendo sete menores de 18 anos, foram detidos sem qualquer prova acusados de vandalismo. As entidades estudantis apoiam o protesto e denunciam a truculência da Polícia de Goiás.
“Estivemos presente no protesto organizado por estudantes de Goiânia para pedir a redução da tarifa dos ônibus de Goiânia. A UEE dá total apoio a luta dos estudantes contra o aumento da passagem. Já mandamos um oficio à Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC) cobrando os cálculos e estamos estudando os números disponíveis. O Procon daqui da região já anunciou que os cálculos não justificam o reajuste. Se concluirmos que há irregularidades também vamos entrar na justiça”, declarou Lucas Ribeiro Marques, presidente da UEE-GO.
“Também repudiamos toda a ação policial desde o protesto, até a forma como conduziram as prisões, não permitindo que os advogados dos estudantes os acompanhassem até o 1º DP, para onde foram encaminhados”, relatou Lucas.
Depois das prisões, pelo menos 150 estudantes, concentrados no prédio da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG), foram cercados pela cavalaria da polícia, por volta das 22 horas de terça. “Os estudantes estavam com medo do que poderia acontecer em plena antesala do Congresso da UNE. Felizmente, não houve novo confronto”, lembrou Lucas Marques, referindo-se ao 53º Congresso da UNE, que começa nesta quarta, em Goiânia. Ele lembrou que esse e outros temas serão debatidos durante o encontro.
Em meados deste mês, em outro protesto na capital goianiense, um estudante foi vítima de agressão por parte da polícia. Imagens de TVs locais registraram o momento em que ele leva um soco na cara dado por um policial.
Já com relação aos jovens detidos, somente no 1º é que um dos advogados teve autorização para entrar no DP. “Havia até uma emissora de TV dentro da delegacia e para entrarmos precisamos pressionar. Me preocupa muito a forma como as manifestações estudantis estão sendo tratadas pelas autoridades e pela mídia.”, exclamou a advogada Thais Silva Bernardes, que está em Goiás para prestar assistência à UNE durante o congresso.
Ela contou que, felizmente, a atuação do advogado Bruno Pena evitou que eles fossem processados por danos, já que não há como provar a atuação deles. “Não vão responder pelo crime de danos e até formação de quadrilha, mas sim por desobediência e resistência”, completou Thais Bernardes.
Ela também comentou a decisão da Justiça de São Paulo que rejeitou a denúncia do Ministério Público Estadual contra os 70 estudantes que ocuparam o prédio da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), em novembro de 2011, em protesto contra a repressão policial no campus.
“Recebo essa notícia aliviada. Há uma criminalização do movimento estudantil que acaba refletindo em todo o movimento social que, apesar de ter o direito de manifestação assegurado constitucionalmente, são enquadrados em crime para coibir uma ação legítima e democrática”, afirmou a advogada da UNE.
O PROTESTO
A manifestação estava programada para o final da tarde de terça. Cerca de 500 estudantes secundaristas e universitários se concentraram na praça Universitária e marcharam pacificamente até a praça da Bíblia, onde a cavalaria já aguardava posicionada. Houve provocações e foram encontrados coquetéis molotov, pedras e paus. De acordo com a Polícia Militar goiana as prisões ocorreram porque os manifestantes estariam portando o material. Pelo menos um ônibus e uma agência bancária foram incendiados.
A Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC) decidiu na terça (21) aumentar o preço da passagem de ônibus em Goiânia e região metropolitana em cerca de 11% passando de R$ 2,70 para R$ 3. A prefeitura emitiu nota informando que o prefeito Paulo Garcia (PT) propôs desoneração da passagem de ônibus do transporte coletivo para a população mais pobre da região metropolitana. Um estudo para que essa desoneração seja colocada em prática deve ser realizado imediatamente.
Da redação do Vermelho