“Elegemos a presidente do Brasil, nossos senadores e deputados, agora precisamos eleger o diretor de nossas escolas”
A citação foi feita entre as intervenções da mesa de trabalho mediada pela Diretora da Ubes, Vitória Davi, com outros estudantes convidados, secundaristas de todo Brasil realizaram debate vivaz e carregado de contribuições para debater a Gestão Democrática nas Escolas. Realizado na Escola de Aperfeiçoamento para Profissionais da Educação, na tarde da sexta (6), o tema abre o leque de discussões da UBES por uma instituição de ensino que represente os anseios da juventude.
Em destaque ficou a provocação de enxergar e administrar o movimento hoje, na realidade, desapegando-se às delimitações do passado diante da nova leva de jovens e oportunidades de acessibilidade que trazem a comunicação e as tecnologias para dentro da sala de aula. Afinal, o estudante de hoje é diferente do de outras épocas e seu movimento tem outras estruturas.
O debate é parte do CONEG (Conselho Nacional de Entidades Gerais da UBES) que será encerrado nesse domingo. Um dos principais fóruns de discussão do movimento estudantil, reúne agora em Brasília as principais lideranças de Grêmios Estudantis e Uniões Estaduais, Municipais e Metropolitanas de Estudantes secundaristas durante sua 14ª edição, que vai de 5 à 8 de setembro.
De posse da palavra, Danilo, um dos estudantes da mesa, iniciou colocando a diferença do movimento no passado com a atualidade. E pergunta: o que é democracia agora? O que é e o que veio antes? “No modelo atual, estamos inseridos há 25 anos. (…) Nesse tempo passamos pela universalização da educação”.
Para ele o “primeiro passo é parar de olhar para o retrovisor”, pois os movimentos que vieram antes eram formados por outro tipo de pessoas, situação e motivos. Na ditadura por exemplo, eram jovens mais abastados, com acesso a informação e um inimigo claro, a ditadura.
Hoje temos que analisar o que há de gente e recursos. Fomentar o debate e formar a juventude que compõe as manifestações como as de junho e julho de 2013, receberam os pontuamentos entorno da necessidade de formação de suas opiniões. É preciso também existir ações de ensino. “Não rola rebeldes sem causa”, acrescenta Danilo. Deve-se respeitar que a maioria dos militantes do movimento estudantil hoje, vem de famílias e ambientes sem formação política. Como esperar que de cara, saibam o que é oficio, como protocolar, entre outras coisas? A vontade do jovem somada ao conhecimento, legitima sua luta, reafirmando dentro dessa perspectiva o importante papel das entidades.
Outro ponto abordado foi a conquista de direitos. É uma responsabilidade que exige manutenção. A exemplo da Lei do Grêmio Livre, que já tem anos de conquista e não é cumprida. Vários estudantes se manifestaram comprovando que, realmente, não tem acesso ao estatuto da sua escola. Entre as palavras de ordem fortemente aplaudidas, uma delas foi a mais aplaudida pelos estudantes presentes: “Elegemos a presidente do Brasil, nossos senadores e deputados, agora precisamos eleger o diretor de nossas escolas”.
A questão de eleições diretas foi pauta, em nível escolar e dentro das entidades, questões tecnológicas e de formação que também foram abordadas. Todo o Trabalho teve ricas colocações, exemplos, argumentos e proposições que englobam a gestão nas escolas e o papel das entidades nisso. A UBES defende a participação livre dos estudantes no grêmio estudantil, representação da classe estudantil no Conselho Escolar e eleições diretas para direção escolar como medidas básicas no processo de implementação da gestão democrática nas instituições;
Trata-se do Conselho Nacional de Entidades Gerais da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Reunindo as principais lideranças do movimento estudantil, o Coneg é responsável por convocar o Congresso Nacional da entidade. Com o tema “Ler e Contar com Ciência e Arte: O Ensino Médio dos Nossos Sonhos”, o evento acontece a cada dois anos, atualizando as pautas estudantis.