A educação da maior cidade do país e da América do Sul está em greve, e nessa sexta-feira (10) a partir das 14 horas, professores e estudantes ocuparão o Vão livre do Masp – na Avenida Paulista, para manifestar mais uma vez as reivindicações que ecoam das salas de aula das escolas estaduais de São Paulo e que ainda não obtiveram retorno do governo estadual. A paralisação que acontece no estado desde 22 de abril vem pautando melhores condições de trabalho para os professores, jornada do piso e aumento salarial, reposição de perdas e o fim da escravidão da categoria O.
Engrossando a mobilização, grêmios estudantis e representantes da União Brasileiras dos Estudantes Secundaristas (UBES), União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), União Estadual dos Estudantes (UEE-SP) e da União Municipal dos Estudantes (UMS-SP) estiveram em reunião nessa quinta-feira (9) com a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, a Bebel – que recebeu a confirmação da classe estudantil em apoio às atividades de greve.
Segundo o tesoureiro da UBES, Pedro Henrique, a articulação dos estudantes demonstra que as pautas apresentadas pelos profissionais da educação contemplam os interesses dos estudantes que estão nas salas de aula. “Os grêmios, os secundaristas já mostraram que tem pauta específica na greve e entendem bem a importância e a legitimidade dessa paralisação. Esse é o chamado de quem está nas salas de aula das escolas estaduais de São Paulo e que sofrem com as péssimas condições da estrutura de suas escolas, a sobrecarga e desvalorização de seus professores, a violência e o descaso com a realidade cotidiana que não representa a escola que queremos”, argumenta.
Para o presidente da UEE-SP, Alexandre Cherno, a sociedade brasileira precisa entender o papel central do professor na formação de nossos jovens e crianças. “As condições de trabalho dos docentes de nosso país representam um retrocesso em meio aos avanços conquistados nos últimos anos na área da Educação. A defasagem salarial da categoria é vergonhosa e precisa acabar, assim como é preciso garantir aos professores o tempo necessário para a preparação de suas aulas. Os estudantes estão convictos de que um país que não investe em seus docentes não pode almejar se transformar em uma grande potência econômica mundial, por isso, apoiamos 100% este movimento”, afirmou.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), entidade representativa de mais de 2,5 milhões de profissionais da educação básica pública no Brasil, também reiterou seu irrestrito apoio à greve, “por entender que a luta pela valorização profissional e pela qualidade social da educação pública é legítima”. Em moção de apoio, o presidente da entidade, Roberto Leão, reafirmou a necessidade resposta do governo. “A deflagração de greve é o último recurso usado na luta por melhores condições de trabalho; neste sentido, a Confederação espera que o governador, Geraldo Alckmin, abra o canal de negociação, reconhecendo, na prática, o direito constitucional à livre associação sindical e, consequentemente, o direito de negociar as suas condições de trabalho e perspectivas de carreira para o funcionamento permanente da educação pública”, diz no documento.
De interesse para toda população, a greve que também pauta o problema da violência nas escolas, a Apeoesp apresentou durante entrevista coletiva nessa quinta-feira (9), dados de nova pesquisa sobre o tema, mostrando que 44% dos professores já sofreram algum tipo de violência em sua unidade escolar e 57% consideram as escolas violentas.
O sindicato já lançou abaixo-assinado online solicitando à Secretaria da Educação a abertura de negociações com a APEOESP, mais de 3.500 professores já assinaram (veja aqui e assine também). A Assembleia dos Professores nessa sexta-feira dá continuidade à tentativa de diálogo com o governo do estado.
SERVIÇO
O quê? Assembleia dos Professores com estudantes
Onde: Vão livre do Masp na Avenida Paulista
Quando: A partir das 14 horas