Passeata na capital federal abriu a série de manifestações que vai ocorrer Brasil afora até 9 de abril
A poucos dias da “descomemoração” do golpe de 1964, foi na cidade onde Honestino Guimarães estudou que a UBES,-e diversas outras entidades do movimento social- deu o pontapé inicial para a Jornada de Lutas da Juventude, série de manifestações que irá tomar as ruas país afora nas próximas semanas.
Em Brasília, mais de 6 mil jovens marcharam nesta quarta-feira (26/03) pela Esplanada dos Ministérios e chamaram a atenção da sociedade para o que talvez seja a mais importante bandeira atual dos estudantes: a aprovação do Plano Nacional de Educação com a garantia de que 10% do PIB sejam destinados à educação pública.
As estudantes Camila Duarte, Hannara Dias e Mariana Borges, do colégio Elefante Branco, onde Honestino Guimarães estudou e presidiu o grêmio que hoje leva o seu nome, sabem muito bem o quanto mais investimentos na educação podem melhorar a qualidade ensino.
Camila é a atual presidenta do grêmio. Ela denuncia a falta de infraestrutura e a baixa qualidade da merenda escolar. Hannara é a vice e critica a repressão da direção à organização do movimento estudantil dentro da instituição. Mariana lembra que a escola já alagou e teve problemas com falta de água e energia.
Para todas elas, que têm 17 anos, Honestino é referência. “Às vezes, a gente sente que ele está lá, quando a gente está escrevendo algum projeto, aí a gente pensa: acho que ele ia gostar disso”, contam as jovens. O ex-estudante do Elefante Branco e ex-presidente da UNE estaria feliz em saber que não importa o tempo, porque os sonhos da juventude não envelhecem e a luta continua.
É o que destacou o professor conhecido como Paizão, que dá aulas de Filosofia na escola 417 Santa Maria. Militante na juventude, ele fez questão de participar da Jornada em Brasília e ressaltar que será um estudante para sempre. “Estudar é lutar. Ser estudante e ter sempre a cabeça aberta para o conhecimento e a liberdade. Lutar por uma educação que forme cidadãos”, disse e foi muito aplaudido.
A passeata saiu da frente do Museu Honestino Guimarães, tomou a avenida principal e terminou em frente ao Congresso Nacional com o tradicional e sempre irreverente mergulho no espelho d’àgua.
Para a presidente da UNE, Virgínia Barros, a Jornada de Lutas dará mais gás e força para a batalha dos 10% do PIB e outras pautas da juventude, “como a democratização da comunicação, a desmilitarização da polícia militar que mata jovens negros, principalmente na periferia, e o trabalho decente para os jovens. “É na mensagem de coragem dos nossos heróis na luta pela democracia que buscamos nos referenciar. A nossa vitória não será por acidente”, finaliza.
Rafael Minoro
Site da UNE