Em reunião realizada na última segunda-feira (24/03), líderes estudantis que formam a nova Diretoria Executiva à frente da UBES aprova carta de Conjuntura que define pautas da entidade para o próximo período. Leia abaixo.
São Paulo, 24 de Março de 2014
O Brasil tem na sua história a marca das intensas lutas populares, especialmente da juventude e dos estudantes. Através das lutas encampadas pela UBES asseguramos importantes vitórias aos secundaristas, seja na conquista do voto aos 16 anos, ou mais recentemente na aprovação do investimento de 50% do Fundo Pré-sal e 75% dos royalties do petróleo para a educação.
Esse ano relembra-se os 50 anos do golpe civil militar no Brasil. Esse marco deve nos fazer refletir acerca de certos entraves presentes até hoje no desenvolvimento social e humano de nosso país.
Foi nos anos da ditadura que começou a dívida externa brasileira, que foram retiradas as aulas de latim, e se patrulhava o caráter crítico das aulas de história. Todos aqueles que não participavam do esquema de poder a ditadura perseguiu, torturou, matou e deu fim aos filhos desta pátria.
As famílias dos jovens desaparecidos ainda buscam a verdade, os estudantes brasileiros deste novo país sentem as marcas deste regime até hoje, e deixam claro: “NÃO SENTIMOS SAUDADES, DITADURA NUNCA MAIS!”. Temos em nossa memória Joel Vasconcelos, Antônio Ribas, Edson Luís, Marco Antônio, Manoel Lisbôa. Enfim, a ditadura que arrasou o país por 20 anos deixa suas marcas até os dias atuais.
O ambiente autoritário das escolas foi agravado nos anos neoliberais do governo FHC. O então presidente do país proibiu a criação de escolas técnicas, pois encarava a educação como gasto, e não como investimento. Nessa época não tínhamos oportunidade de emprego, passávamos por uma profunda crise financeira: esse é o legado da direita no Brasil.
Com a eleição de Lula em 2002 o Brasil foi se democratizando. Importantes programas para ampliação da rede de ensino e a distribuição de renda. Foi estabelecendo um piso nacional para os professores. Hoje chegamos ao patamar de pleno emprego no Brasil, mas ainda sim, milhões de jovens foram às ruas no mês de junho e julho do ano passado.
Tudo isso porque a juventude possui poucos aparelhos culturais gratuitos nas grandes cidades, todo dia vai para uma escola arcaica e mal estruturada, enfrenta precárias condições de emprego, especialmente no campo, paga altos juros para os banqueiros e se vê estigmatizada e padronizada pela grande mídia.
A nossa polícia que deveria nos defender ainda cumpre o papel da ditadura, primeiro identificando o perfil do suspeito e exterminando-o, principalmente a juventude negra e periférica. Em nossa opinião, isso é fruto da falta de ruptura em setores estratégicos do nosso país com as políticas públicas soberanas.
Por isso, nós da UBES defendemos as reformas estruturais de nosso país e encampamos Plebiscito Popular por uma Constituinte Soberana do Sistema que possa abrir portas para as seguintes reformas estruturais: Reforma da Mídia, Reforma grária popular, Reforma urbana, Reforma educacional, pela Desmilitarização da Polícia e contra qualquer tipo de iniciativa que venha desnacionalizar setores estratégicos do nosso país.
Nesse bojo de lutas da juventude nós somaremos forças às demais entidades da juventude na Jornada Nacional de Lutas 2014 a ser realizada em todo o país nos meses de março e abrir. A juventude está unida pelo Brasil, e não aceitaremos escolas com nome de ditadores e torturadores do regime militar. Vamos às ruas pela reformulação do ensino médio e o passe livre estudantil irrestrito.
UNIÃO BRASILEIRA DOS ESTUDANTES SECUNDARISTAS