Sem dúvida, a juventude foi a principal atingida pelo golpe militar, que elegeu os jovens e seus sonhos como a maior ameaça, um inimigo a ser combatido. Cinquenta anos depois daquele trágico ano de 1964, a democracia voltou e vai tomar as ruas do Rio de Janeiro com a Jornada Estadual de Lutas na próxima sexta-feira (28/03). Com a pauta de “Descomemoração” do Golpe de 64, a UEES-RJ, AMES-RJ, UBES e UNE se integram às pautas das demais entidades da Jornada Nacional de Lutas.
A concentração inicial da passeata será às 14 horas, no Centro Federal de Educação Tecnológica. A convocação dos estudantes evidencia o dia 28 de março no histórico da luta por democracia no país, data que deu origem à tradicional Jornada do movimento estudantil em homenagem ao secundarista Edson Luís.
No dia 28 de março de 1968, o estudante reivindicava preços mais justos para a alimentação quando foi assassinado com uma bala no peito disparada por militares durante repressão a um protesto no restaurante universitário Calabouço, no Rio de Janeiro. A Jornada lembra ainda a data de nascimento (28 de março de 1947) de uma das principais lideranças estudantis da história brasileira: o ex-presidente da UNE, Honestino Guimarães, preso, torturado e assassinado pelos militares.
Para o presidente da União Estadual dos Estudantes Secundaristas do estado (UEES-RJ), Gabriel Lopes, é preciso relembrar e combater a herança do período sombrio. “O fim da repressão é simbólico, há muitos resquícios da ditadura no cotidiano da juventude quando vemos as ações da polícia militar e da polícia civil. Ainda temos polícia nas escolas, estudantes sendo obrigados a usar roupas iguais e frequentar salas cercadas de grades por todos os lados”, afirma, informando que o ato político marcará a abertura do 3º Congresso da entidade.
Outra forte pauta da Jornada acampada pelo movimento estudantil segundo o presidente da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas (AMES-RJ), João Neto, é a construção de mais uma universidade no estado. “Pela educação pública de qualidade, as entidades reivindicarão a fundação da Universidade Federal de Ciências Aplicadas do RJ, uma luta da UNE que tem total apoio da UBES, UEES, AMES e UEE”. A pauta também já é defendida pela Universidade Gama Filho (UGF), UniverCidade (UC),UFRJ, UFF, UFRRJ, UNIRIO, Bancada de Deputados Federais do Rio de Janeiro e da Comissão de Educação do Senado.
O ato político organizado pelas mais de 40 entidades que formam a Jornada Nacional de Lutas da Juventude marcará a abertura do 3º Congresso da UEES- RJ (CONUEES) que acontecerá entre os dias 28 e 29 de março, no Centro Federal de Educação Tecnológica. Com mais de 400 estudantes já inscritos, o fórum máximo de representação dos secundaristas do Rio de Janeiro elegerá a nova diretoria à frente da entidade para os próximos 2 anos.
A programação começa na sexta-feira com o tradicional “arrastão da Tijuca”, quando a mobilização estudantil chega às escolas da região, dessa vez pautando a luta contra as heranças deixadas pelo período militar. “Vamos chamar os estudantes para discutir essa escola quadrada que parece uma prisão, essa polícia militar que mata pobres e negros nas periferias enquanto defende playboys nas áreas nobres”, diz o presidente da AMES que também atua na construção do congresso.
No dia 29 (sábado), acontecerão nove grupos de debates, discutindo desde a legalização das drogas até o financiamento da educação. Com palco aberto para atividades culturais e apresentações livres entre todas as atividades, as deliberações serão votadas na Plenária Final que encerrará o congresso. Para mais informações, acesse a página oficial do evento no facebook.
Veja também a ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA UEES-RJ.
Da Redação