Ato unificado dos movimentos sociais no Rio de Janeiro marca a luta permanente contra os resquícios dos anos de repressão. Em São Paulo, trabalhadores perseguidos no período são homenageados
Cinco décadas após o período mais obscuro na história da nação brasileira, na última segunda-feira (10/02) o ato público unificado dos 50 anos do Golpe Militar – “A história que Tortura Petrópolis: pela desapropriação da casa da morte” tomou a cidade do Rio de Janeiro. A mobilização unificada que reuniu os estudantes e diversas frentes do movimento social tomou a Praça Dom Pedro II em manifestação com pautas regionais que tem como objetivo conscientizar a população e contribuir para o processo de democratização do Brasil.
Conhecida como “a casa da morte”, o local sediou o assassinato de muitos militantes que enfrentaram o período da ditadura no estado do Rio de Janeiro, simbolizando um dos ícones de atuação militar. A campanha de desapropriação do local que ganhou destaque e compôs o ato público nasceu em 2013 é de iniciativa do Grupo de Trabalho (GT) do Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis (CDDH). Com a participação da Comissão Estadual da Verdade (CEV-Rio), o Coletivo RJ Memória, Verdade e Justiça, o Comitê Petrópolis em Luta reivindicaram a liberação da verba para a construção de um Centro de Memória, Verdade e Justiça, no espaço que funcionou como instrumento de tortura na época da ditadura.
A manifestação levou mais de dez frentes de atuação dos movimentos sociais, entre eles o movimento estudantil da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União Estadual dos Estudantes Secundaristas (UEES-RJ); movimento de juventude como Kizomba, Levante Popular da Juventude, União da Juventude Rebelião (UJR), União da Juventude Socialista (UJS); organizações políticas como Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido Comunista do Brasil (PC do B), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Partido dos Trabalhadores de Petrópolis (PT), Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), sindicatos e a deputada federal, Jandira Feghali.
“Finalizamos a mobilização em ato simbólico colocando cruzes no gramado da Câmara dos Vereadores de Petrópolis. Foi muito importante para os estudantes e os movimentos sociais no momento de dizermos nunca mais à ditadura e homenagear os nossos heróis que lutaram na guerrilha do Araguaia”, comentou Luiz Hadesh, da UEES-RJ.
No dia 1º de fevereiro, quatrocentos trabalhadores perseguidos pela ditadura e suas famílias receberam uma homenagem em evento organizado pelas centrais sindicais em São Bernardo do Campo. São metalúrgicos, bancários, químicos, servidores e professores que, durante o regime, foram presos, torturados, cassados em suas funções sindicais ou demitidos. Entre os homenageados esteve o ex-sindicalista e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, deposto pelos militares.
Da Redação com Agências