Espaço democratiza o pensamento secundarista, o sonho e energia que fomenta a luta consistente do movimento estudantil
Outro dia, a diretora de comunicação da UBES postou em seu facebook: “Todo (a) secundarista deve pisar na porta de uma escola se sentindo uma caixinha de aquarela, por onde passar, pintar a realidade preta e branca dos estudantes brasileiros”.
Pensando nisso, o coletivo de comunicação da UBES abriu espaço para os relatos desses secundaristas, que carregados de sonhos, serão capazes de mudar essa tal realidade que tentamos a todo custo transformar. Com luta, enfrentamento e muita sede de mudança, abrimos esse espaço!
Confira aqui o depoimento de Luan Henrique, ele tem 17 anos e é secundarista do 3º ano na escola estadual Edson Moury Fernandes, na cidade de Jaboatão dos Guararapes. A insatisfação vem do cotidiano de sua escola e comunidade, localizadas na região metropolitana de Recife. O jovem que é diretor de comunicação na União Jaboatonense dos Estudantes Secundarista (UJES), diretor da UMES e integrante do grêmio estudantil de sua escola é expressivo ao dizer que “falta políticas públicas de juventude” para o seu bairro.
“E outra, não concordo com o militarismo da polícia, é uma herança da ditadura militar que hoje criminaliza a margem da sociedade em geral”, explica para evidenciar o que pensa.
Por Luan Henrique
A realidade do meu bairro é bem difícil, mas acho que não só do meu bairro, mas da maioria dos bairros periféricos, há uma grande parcela de adolescentes que os problemas sociais do estado interferem em sua vida social. Primeiro vem a escola, que antes era uma sucata, não tínhamos professores suficientes, não tínhamos nem sala pra estudar direito, preferíamos não comer porque a comida não satisfazia a estudantada.
Quadras de esporte desativadas, incentivo à cultura “0”, piso salarial do professor nem se fala. Não existia diálogo (e até hoje ainda não existe), professores e alunos insatisfeitos. Somando isso, estudante não aprende, professor não ensina.
Daí mudou o governo, entrou outro governador, e daí, com o passar do tempo, vimos sim algumas mudanças, pelo menos estruturais. Mais salas, professores novos, uma merenda que dava pra “enganar” a galera, mas os problemas continuam!
Sala de informática tem, mas não usa. Laboratório tem, mas não usamos. Antes tínhamos 5 aulas materiais por dia, hoje temos 10. Mesmo assim, ainda não existe aula prática nas escolas do sistema integral.
No bairro, não temos quadra poliesportiva para prática do esporte, a solução é jogar bola em uma rua desativada (onde não passa veículos). Tudo tão lindo, até que a Polícia chega, tentando acabar com a “pelada” da noite.
De forma abusiva da Lei, gritando. Inclusive com menores de idade, intimidando adolescentes e crianças, só porque eles usam uma farda e tem um revolver.
Colocando dedo na cara, me lembra muito bem a ditadura.
Acaba a “pelada” do bairro. E vimos que hoje em dia, a juventude não tem espaço em vários âmbitos da sociedade, somos criminalizados com a violência da Polícia Militar. Infelizmente atitudes como essa passam em branco!
Amanhã vai ter a nossa pelada de novo, vamos com mais gente, e se a polícia vir com atitudes de abuso de autoridade, não vamos ficar calados, muito menos abaixar a cabeça!
Com uma foto, um texto ou um vídeo, você também pode ter o seu relato publicado neste espaço.
Encaminhe para o e-mail da comunicação da UBES ([email protected]) e nos ajude a fortalecer o quadro interativo.