Nesta quarta-feira (16) foi o dia nacional contra o impeachment, o ajuste fiscal e pelo “Fora Cunha”, uma resposta popular ao processo ilegal aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para tentar desestabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff sem que haja qualquer base legal ou prova contra ela.
Em São Paulo, 100 mil pessoas marcharam da Avenida Paulista até a Praça da República. Para se ter ideia do tamanho do ato, enquanto o início da manifestação já descia a Avenida da Consolação, o final do ato ainda estava quase em frente ao Masp, 5 km atrás.
Pelo Brasil todo foram mais de 20 manifestações organizadas em diversas cidades. Movimentos sociais, entidades sindicais, organizações de negros, mulheres, LGBTs, professores e estudantes protagonizaram com muita unidade mais um capítulo de coragem em defesa dos princípios democráticos.
Muito aplaudidas e lembradas pela atuação vitoriosa dos estudantes secundaristas paulistas na ocupação de escolas que impediu o fechamento de 94 instituições de ensino no Estado, a presidenta da UBES, Camila Lanes, e a presidenta da UPES, Angêla Meyer, também puxaram o coro contra o golpe durante a manifestação.
“A UBES é totalmente contra o impeachment e o maior golpista do Brasil, o deputado Eduardo cunha, que nunca nos representou. O nosso pedido é que ele renuncie ao seu cargo e deixe o seu posto. Os estudantes defendem o povo brasileiro, a Petrobras, a democracia e mais educação. Fica Dilma, mas melhora, pois a nossa juventude necessita de mais direitos”, declarou Camila.
De cima do carro de som, a presidenta da UNE, Carina Vitral, falou da história dos estudantes sempre ao lado da democracia e, principalmente, defendendo a legalidade.
“Nós temos autoridade moral para falar de impeachment, nós fomos os caras-pintadas que derrubamos pela primeira vez um presidente da República através de impeachment. Nós sabemos ler a Constituição, sabemos que tem que ter crime de responsabilidade. Diferente do ex-presidente Collor, não tem nenhuma acusação contra a presidenta Dilma. Por isso, nós dizemos não ao impeachment! E também Fora Cunha! Nós queremos ele fora da Câmara dos Deputados já!”, ressaltou.
Carina também falou da atuação da UNE no Supremo Tribunal Federal no julgamento do rito do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A UNE teve pedido de “amicus curiae” deferido pelo STF e pode fazer uma intervenção.
A votação que começou hoje deve terminar amanhã e vai decidir questões acerca do voto secreto na comissão especial de impeachment; o direito de defesa da presidenta Dilma; o momento que a presidenta deve ser afastada durante o rito do processo; e a participação do Senado Federal no pedido acatado pela Câmara.
O advogado e presidente da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, falou em nome da União Nacional dos Estudantes.
Para a garantia da legalidade no rito do pedido de impedimento da presidenta, Dallari, em nome dos estudantes brasileiros, pediu o cumprimento do amplo direito de defesa da presidenta e defendeu o quórum de 2/3 dos votos totais em todas as manifestações plenárias da Câmara e do Senado, como ocorreu no rito de impeachment do ex-presidente Collor.
“Os dois terços expressam o grau de adesão social que se dá a uma determinada decisão. Peço que ele seja observado em todas as etapas do rito desse processo para a estabilidade das nossas instituições”, concluiu Dallari.