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3º EME DA UBES: COMBATE AO CAPITALISMO E O PATRIARCADO

Mesa do EME da UBES reúne mulheres ativistas que trouxeram a luta feminista como veículo de combate à onda conservadora no país

Em uma sociedade dominada, economicamente, pelo capitalismo, e, culturalmente, pelo patriarcado, a luta das mulheres por igualdade e contra a redução da maioridade penal se encontram na batalha pelo empoderamento das jovens negras e periféricas.

Este foi o ponto central da mesa “O que é o patriarcado? A luta das mulheres por igualdade e contra a redução da maioridade penal”, que aconteceu na manhã deste sábado como parte do 3o EME da UBES.

Estiveram presentes mulheres representantes de diversas organizações feministas, estudantis e culturais para tratar da emancipação feminista aliada ao combate do conservadorismo.

AS MULHERES E O COMBATE À REDUÇÃO

“O Congresso Nacional é formado majoritariamente por homens, brancos, heterossexuais, conservadores e fundamentalistas, que desejam criminalizar nós, mulheres jovens, negras e de periferia”, afirmou Nathalia Avelar, Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas de Belo Horizonte (AMES-BH), em referência ao projeto de redução da maioridade penal, aprovado em agosto na Câmara dos Deputados.

“Definitivamente, é o povo negro mais afetado por essa política”, destacou.

Ela e as outras mulheres que participaram da mesa colocaram as mulheres negras e periféricas como as maiores vítimas das reformas conservadoras propostas pelo Congresso Nacional, que além da redução da maioridade penal, deseja liberalizar a terceirização das trabalhadoras.

Maria das Neves, coordenadora da União Brasileira de Mulheres, colocou que, além das jovens, as mães também são grande vítimas desta política de segurança pública que extermina os jovens negros de periferia. Ela coloca a emancipação das mulheres e a ocupação dos espaços de poder como uma forma de mudar essa situação.

“Feminismo nada mais é que a luta das mulheres por igualdade na vida, no trabalho, na escola, de modos e sexualidade. Feminismo é a luta das mulheres por uma reforma política igualitária, para que as mulheres jovens e negras possam ocupar os espaços de poder de forma igualitária aos homens”, afirmou.

Laila Braga, da Liga do Funk, apontou a falta de incentivo cultural e educacional para os jovens e as jovens de periferia como o problema central. A saída, segundo ela, acaba sendo o tráfico. Ela enxerga da união das mulheres como forma de reverter a situação.

“A cultura periférica é muito rica. Tem o funk, o rap, o grafite, o pixo, mas o Estado não apoia esse pessoal. As mulheres que estão sendo encarceradas são as jovens e negras da periferia que por falta de opção acabam no tráfico. Nós, mulheres, precisamos formar uma rede feminista para nos proteger destas ameaças”, disse.

COMBATE À OPRESSÃO DO CAPITALISMO E DO PATRIARCADO

A representante do departamento de gestão participativa do Ministério da Saúde, traçou a relação histórica entre homens e mulheres para apontar como acontece a dominação sobre as mulheres na atual sociedade capitalista e patriarcal.

“Mesmo em sociedades primitivas, onde não existia a propriedade provada, já existia a dominação do patriarcado. Hoje, ele se organiza pela hierarquização das relações de trabalho dentro do capitalismo, como um sistema de classes, incentivando a reprodução do machismo”, observa.

A associação destes “dois irmãos simultâneos”, avalia a líder da Marcha Mundial das Mulheres Amanda Teixeira, é o que gera a opressão econômica e culturalmente às mulheres.

“O machismo é cultural, mas é sobretudo econômico. O capitalismo e o patriarcado oprimem as mulheres desde antes de nascer, ao escolher a cor do seu enxoval de bebê, até quando chegam ao mercado de trabalho, pois as mulheres recebem 40% a menos do que os homens. Nós queremos uma revolução que seja radical e mude as nossas relações econômica, cultural e social”, destacou.

A necessidade de emancipação das mulheres como veículo de uma revolução social que transforme a sociedade e traga mais igualdade entre todos permeou a fala da estudante da PUC-RS Lires Kappel.

“A juventude precisa todos os dias pensar em revolução, pois é apenas através de uma mudança brusca na sociedade é que nós mulheres e trabalhadoras conseguiremos nos libertar da dominação promovida pelo capitalismo e o patriarcalismo”, concluiu.

Foto: Paulo Henrique Vivas