Movimentos sociais marcaram o 20 de agosto de 2015 como o dia da luta por democracia, liberdade e direitos
O 20 de agosto de 2015 já vinha sendo conclamado pelos movimentos sociais como o “Dia D”, de defesa da democracia e também da liberdade e dos direitos dos trabalhadores, da juventude e dos estudantes. No fim da tarde dessa quinta-feira, que entra para a história comouma das maiores manifestações realizadas nos últimos anos no Brasil, uma enorme massa popular e diversa tomou o Largo da Batata, na região oeste da capital paulista, para caminhar juntos por mais avanços e saídas populares para a crise.
O ato começou com um minuto de silêncio lembrando os 18 trabalhadores assassinados em Osasco e Barueri. Depois, mais de 100 mil pessoas marcharam quase 6 quilômetros do largo até ao Masp (Museu de Artes de São Paulo), na Avenida Paulista.
Ao som de uma potente bateria, com sorrisos nos rostos e pés firmes no chão, palavras de ordem contra a redução da idade penal e contra os cortes na educação tomaram a avenida Faria Lima, adentraram a Rebouças até chegar a uma das principais via da cidade, ocupando as duas vias da pista e fazendo acontecer a verdadeira festa da democracia.
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, iniciou o ato destacando a unidade dos movimentos e a ida do “bloco do povo” para as ruas.
“Estamos aqui para rechaçar a indignação seletiva conservadora, que condena corrupção, porém se alia ao Eduardo Cunha e os ‘panelaços’ que não se comovem com as chacinas da semana passada em Osasco e Barueri. Estamos de forma clara contra as saídas à direita e qualquer saída de ajuste fiscal e de política que prejudiquem os trabalhadores. Hoje o bloco do povo entrou em campo e quer colocar de forma clara a agenda dos de baixo contra a agenda dos de cima. Não vamos sair das ruas enquanto a agenda popular não for ouvida nesses pais.”, afirmou.
Já o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, lembrou que a mensagem da manifestação deve ser de defesa as democracia, de construção e crescimento. “Precisamos da agenda popular, do trabalhador, que vai sustentar um governo democrático e não uma política voltada ao mercado, aos bancos, que não possuem compromisso com o povo”, declarou.
José Genivaldo da Silva, dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), defendeu o pré sal e seus investimentos sociais, e também foi duro contra as pautas conservadoras, homofóbicas e latifundiárias do Congresso. “Esse ato é uma defesa do Brasil , do povo brasileiro e das políticas de inclusão social”, disse.
As entidades estudantis também marcaram presença, marcando o lado dos estudantes em defesa da democracia e contra os cortes e a redução da maioridade penal.
Um dia depois da aprovação da redução na Câmara dos Deputados, a presidenta da UBES, Bárbara Melo, rechaçou a nova jogada do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
“Precisamos de reformas estruturantes para aprofundar a nossa democracia. Estaremos defendendo a democracia porque sabemos que em uma ditadura não poderíamos estar aqui dando a nossa opinião. O filho do rico nunca é preso, o filho do pobre é exterminado na favela, como aconteceu em Osasco e como acontece todos os dias nas favelas. Os ricos devem pagar pela crise, não nós, que construímos esse Brasil todos os dias”, afirmou
A presidenta da UNE, Carina Vitral, disse que foi questionada diversas vezes onde estava os estudantes que não estavam na passeata do último dia 16. E foi veemente em responder: “não estavam!”.
“A juventude e os estudantes têm lado e é do lado do avanço e não retrocesso. Não marchamos com quem pede intervenção militar e sabemos que nossos direitos só avançam se houver democracia. Também devemos lembrar que o governo federal precisa estar mais conectado com o povo, poupando a educação para não prejudicar o acesso da juventude à educação”, afirmou.
Já a presidenta da UEE-SP, Flavia Oliveira, lembra que a defesa da democracia, além de assegurar a participação popular na escolha dos representantes, inclui as reformas estruturais, que diminuem a desigualdade no país. “Que a educação não entre no ajuste fiscal, e sim a taxação das grandes fortunas”, disse.
Para a presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Tamara Naiz, observa que aconteceram mudanças significativas no país nos últimos anos, porém a entidade reconhece que é preciso avançar ainda mais. “Convocamos os pós-graduandos para participar do ato justamente para não retroceder e conquistar mais direitos. E essas conquistas e reivindicações só se dão mesmo com mobilizações como essa”, concluiu.