Estudantes exigem reformulação do ensino médio, com currículo que se adapte a realidade dos alunos
No último dia 9 de março, o Grêmio Chapa Tod@s do Colégio Paula Soares, localizado em Porto Alegre, realizou debate sobre a reformulação do ensino médio, pautando a emancipação das mulheres, a cultura do machismo e a sexualidade dentro das escolas.
De acordo com Fabíola Loguercio, os estudantes já sofreram grande perda na aprovação do Plano Nacional da Educação (PNE), em março de 2014, e por isso os debates nas escolas se fazem cada vez mais necessários. “Os parlamentares, pertencentes à bancada religiosa do Congresso, rejeitaram a proposta do governo de tornar a ideologia de gênero meta obrigatória no currículo escolar. Nós estudantes lutamos por uma educação de qualidade, laica, emancipadora e anti- racista e por isso precisamos estar nas escolas debatendo esses assuntos com os estudantes”, afirma.
O encontro contou com participação de cerca de 100 estudantes e de movimentos sociais como a representante da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO), Fabiane Pavani, a diretora da União Brasileira de Mulheres (UBM), Cristina Correa, e a UBES Regional, Fabíola Loguercio.
Durante a conversa, estudantes citaram a cantora Valeska Popozuda como referência de força e independência da mulher “Apesar de ser muito criticada pela mídia, em suas letras, Valeska deixa claro que somente ela pode tomar decisões sobre seu próprio corpo e é isso que nós mulheres devemos acreditar. Como a cantora mesmo diz tá pra nascer homem que vai me esculachar”, afirma a presidenta do grêmio, Paola Loguercio.
Os estudantes exigem reformulação do ensino médio e acreditam que é através dela que construirão uma sociedade menos intolerante. “Nós queremos uma escola que inclua em seu currículo escolar debates sobre sexualidade, machismo, educação de gênero e racismo, pois somente assim conseguiremos eliminar os tabus e preconceitos que nos cercam”.
Na cartilha de grêmios da UBES, há um passo a passo sobre como montar um grêmio na sua escola e esclarece os direitos do grêmio garantidos pela Lei do Grêmio Livre, de autoria do então deputado Aldo Arantes.
A lei que foi sancionada em 1985, no governo do presidente José Sarney, dá liberdade para os estudantes de qualquer escola, seja pública ou particular, de se unirem para a criação de uma “organização de entidades representativas”, ou seja, o grêmio. Este ano, a Lei do Grêmio Livre comemora 30 anos.