Nos últimos anos, tem ocorrido um movimento de militarização de escolas públicas em alguns Estados do país. São pelo menos 26 instituições geridas pela Polícia Militar em Goiás, 22 em Minas Gerais e 13 na Bahia. Estes Estados puxam a fila, que também afeta Amazonas, Rio Grande do Sul, Maranhã, entre outros.
Para os debatedores presentes à mesa “Pela democratização e desmilitarização das escolas” na tarde desta sexta-feira no 41o Congresso da UBES, este processo é um símbolo do momento que vive o país.
“O crescimento das escolas militares é resultado da mesma onda conservadora que propõe a redução da maioridade penal e executa o extermínio da juventude negra”, avalia Magno Francisco, professor universitário e coordenador da Unidade Popular pelo Socialismo.
O integrante do Coletivo Nacional da Juventude Negra — Enegrecer, Cristian Ribas, observa que as escolas militares reproduzem o autoritarismo presente na corporação.
“Se avançamos o processo de militarização das escolas, avançamos um processo de ameaça à democracia brasileira, aprofundando um retrocesso na consciência política da sociedade”, critica Ribas.
Ex-aluna de uma escola militar goiana e diretora da UNE, Mariana Maia relata que nestas instituições, como no período da ditadura militar, os estudantes não tem liberdade para se organizarem e construírem grêmios, o que é garantido pela Lei do Grêmio Livre, de 1985.
Ela chama atenção para a opressão de gênero nestes colégios. “Esse sistema é totalmente patriarcal e machista e as mulheres são as maiores vitimas. O numero de assédios e denuncias é muito grande”, afirma.