Sem aulas regulares há três meses, Leher se nega a realizar pagamento de bolsas em atraso e escola ameaça ser fechada
Assim como em São Paulo, onde o governo do Estado tenta fechar escolas, estudantes, pais e professores estão em luta para impedir o fechamento do Instituto Politécnico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em Cabo Frio (IPCF-UFRJ). Os docentes estão com atraso de seis meses nas bolsas, falta alimentação e manutenção da instituição que está há quase três meses sem aulas regulares.
Reconhecido como projeto inovador na área de educação profissionalizante, o Instituto foi criado em 2008 pelo Núcleo Interdisciplinar UFRJ-Mar como um projeto de extensão para residência dos professores da universidade. No entanto, há seis meses, a reitoria da UFRJ, liderada pelo professor Roberto Leher, suspendeu o pagamento das bolsas dos residentes docentes, encerrando o repasse de recursos e impedindo que a instituição mantenha seu funcionamento.
“Quando foi fundada, a escola contava com um convênio entre a UFRJ, a prefeitura e do governo do Estado, mas em 2011, houve um rompimento e a reitoria se comprometeu em manter o projeto em funcionamento. Hoje, enfrentamos uma luta política. O reitor entrou em contradição dizendo que não reconhece a existência do instituto e que só pagaria com ação judicial. Há relatos de estudantes que tentaram o diálogo, mas ele não deu ouvidos”, conta o coordenador do grêmio estudantil do instituto, Caio Sad.
Uma série de manifestações tem acontecido desde o final de 2014 contra a alegação da reitoria de não reconhecer os estudantes do ensino médio integrado como alunos da UFRJ. Os universitários criticam a postura da reitoria, visto que os próprios professores do IPCF são docentes da universidade em residência por meio do Programa de Qualificação de Professores em Educação e Trabalho.
“Estudantes, pais e docentes tem realizado assembleias. A luta é para que exista uma reunião institucional com o reitor. Precisamos defender o instituto que foi o melhor colocado no ENEM na região de Cabo Frio, que é um exemplo para o modelo de reformulação do ensino médio que queremos”, diz Leonardo Guimarães, estudante e componente do Conselho Universitário da UFRJ.
Mesmo com dificuldades para manter a escola em funcionamento, professores e estudantes tem se organizado de maneira autônoma para realização de oficinas voltadas às disciplinas.
“Estamos criando alternativas com o grêmio para realizar as atividades e fazer com que os estudantes estejam na escola. Toda quarta-feira, de maneira voluntária, professores ajudam na organização das aulas”, explica Caio.
Nos meses de março e agosto manifestações foram realizadas. Além de ações no Ministério Público, os estudantes permanecem pressionando a reitoria.