Nesta quarta-feira 25, “Dia Internacional da Não-Violência Contra Mulher”, mulheres feministas e os estudantes contrários à reorganização escolar em São Paulo vão marchar lado a lado para barrar o retrocesso e lutar por mais direitos.
Para a recém-eleita presidenta da UBES, Camila Lanes, juntar as duas pautas significa emancipar a educação brasileira e cortar pela raiz as opressões que são ensinadas dentro da escola.
“Unificar estes movimentos deixa bem claro que, para além da educação de qualidade, precisamos de uma educação emancipadora, humanizada e feminista”, afirma.
O ato está marcado para começar às 17h, no Vale do Anhangabaú, região central da capital, e irá caminhar até a Escola Estadual Caetano de Campos, na Praça Roosevelt, também no Centro. A unidade completa nesta quarta-feira uma semana de ocupação, liderada por meninas de luta.
Fabíola Loguércio, diretora da UBES que participa do movimento desde o primeiro dia, vê as ocupações como oportunidades para a construção de um espaço livre de machismo.
“Desde o início temos mostrado que as meninas não devem ficar só na cozinha e na limpeza. E temos tentado barrar comentários e outros comportamentos machistas no dia a dia. Fizemos inclusive um cine-debate sobre a violência contra a mulher. A ocupação tem mudado bastante o comportamento de alguns meninos e torcemos que continue assim”, observa Fabíola.
Estudante do 3º ano da instituição, Nicole Santos Vieira concorda que os colegas de ocupação melhoraram o comportamento em relação ao que apresentavam anteriormente, mas faz uma ressalva: “Os meninos estão legais, aderiram na nossa luta, respeitam, mas ainda fazem piadas.”
Negra, alta e detentora de um chamativo black power, Nicole conta que a ocupação lhe permitiu o contato com outras meninas feministas. “Entre minhas amigas apenas eu me engajo nessa luta. Eu já via certas atitudes do meu padrasto em casa e dos garotos fazendo coisas que você não gosta. Eu bato muito de frente, os meninos da minha sala não gostam de mim, mas não faz falta nenhuma”, afirma, séria.
Ela vê como muito bem-vinda a união das lutas dos secundaristas com a feminista. “Elas se complementam, porque estão buscando a igualdade. Hoje as lutas estão vindo mais à tona. São lutas importantes de serem somadas”, coloca.
A secundarista Vanessa de Oliveira, de 18 anos, veio do Ceará para contribuir com a luta dos estudantes paulistas contrários à reorganização. Segundo ela, as escolas devem abrir o debate sobre a diversidade da juventude para parar de reproduzir os preconceitos da sociedade.
“O debate de gênero e a discussão do machismo devem ser colocadas em pauta nas escolas. Toda a discussão sobre diversidade é necessária, seja de orientação sexual e até mesmo sobre religião, como a umbanda e o candomblé. O ensino nas escolas é muito retrógrado”, afirma.