Se de um lado precisamos avançar muito mais em políticas públicas para a população negra e aprofundar o debate racial, por outro lado, os 40% de negros a mais em universidades nos últimos dez anos são motivo de comemoração e chega a dar arrepios quando se fala em retroceder, retirando da agenda política esses direitos.
Presentes na concentração do ato de hoje, Joice Dúbio, tratou de marcar presença para representar o povo preto em defesa da democracia e contra qualquer golpe. “ A elite se revolta com políticas sociais, e se arma apontando que só nesse governo existe corrupção. Para nós, os últimos doze anos de governos foram os únicos em que foram apresentadas propostas e avanços para a população negra. E se hoje temos mais negros na universidade é por conta das cotas, do ProUni e do SISU. Por isso, repito: haverá resistência sobre qualquer ameaça de golpe”, disse.
Débora Mendes Gonçalves, 32, aumentou o coro do “ Não vai ter golpe”, já que não se conformava em ficar parada ao se deparar com tantas atrocidades, como a dos últimos dias. “ Não dá para ficar em casa vendo a constituição sendo violada e não fazer nada.Eis nossa resposta!”
Caio Cerqueira , 19 anos, escolheu sair às ruas nessa sexta-feira pois defende que é preciso ir adiante nos direitos, uma vez que sente as dificuldades no dia a dia. “ Estamos aqui na Paulista para reinvidicar o lugar que merecemos, pois não querem nos dar oportunidades para avançar. Estamos um cursinho pré-vestibular chamado ‘Emancipa’ e a USP que possui diversas salas ociosas não cede um espaço. Muitas vezes assistimos aulas ao ar livre”, conta.
O estudante complementa que os professores do cursinho não recebem, e os alunos estão todos na luta para garantir o lugar na universidade. “ Querem barrar nossos esforços e a universidade pública é nosso espaço, é o lugar do estudante preto, que veio da escola pública. Lá é nosso lugar e não dá elite.Por isso, temos que ficar do lado do povo nas reivindicações”, pondera.
Sara Puerta, da UEE-SP.