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Em desocupação do Centro Paula Souza, em São Paulo, polícia militar prende estudantes e quebra dente de secundarista

Estudantes e jornalistas foram detidos na noite desta quinta-feira (03), quando ocupavam a parte externa do prédio do Centro Paula Souza, sede administrativa da rede de ensino técnico, em São Paulo. A polícia militar invadiu o local pelos fundos, revistou individualmente os ocupantes e agrediu um secundarista menor de idade.

“À noite, invadiram a ocupação com muita truculência. Eu estava guardando meu material dentro da barraca quando eles vieram, cercaram a gente e me deram um chute no queixo que quebrou um pedaço do meu dente”.

O relato é do secundarista de apenas 16 anos, Mateus Athayde. Estudante da escola Adamastor de Carvalho, em Santo André, participou da ocupação para se posicionar contra a Medida Provisória 746 de “Deformação” do Ensino Médio e contra a PEC 241, agora PEC 55.estudante agredido sp_

Cerca de 40 jovens foram encaminhados para a 2º Delegacia de Polícia em um ônibus. O secundarista menor de idade também relata que, além da força desproporcional, sofreu violência até chegar à delegacia. “Durante o caminho, fomos xingados e recebemos cacetadas dentro do ônibus quando começávamos conversar. Os momentos de medo e desespero ficarão na memória para sempre, mas junto com eles ficará o sentimento de luta e resistência”, denuncia Mateus que ficou com hematoma no queixo.

O presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, Emerson Santos, que acompanhou a detenção dos manifestantes e a ação da polícia, denunciou em vídeos a ação truculenta dos militares. “A polícia agiu de forma ilegal, impediu que o advogado tivesse acesso às pessoas que estavam ocupando e também não informaram para qual DP seriam encaminhados”, disse o jovem que passou a madrugada na delegacia.

 

A reintegração, que aconteceu pouco menos de 2 horas após os estudantes armarem as barracas, aconteceu com abuso de poder contra jornalistas da mídia independente. “A ocupação estava completamente pacífica, quando o Choque chegou com autoritarismo. Me identifiquei como imprensa e eles deram voz de prisão. Fomos conduzidos ao 2º DP em um ônibus. Isso é um abuso contra o direito de expressão e de liberdade”, conta Leandro Moraes, fotógrafo da Mídia Ninja.

ARMAS DE FOGO EM ESCOLA DO MST

A política de violência e repressão do governo do estado de São Paulo segue de forma descabida contra os movimentos sociais. Nesta sexta (4), cerca de 10 viaturas da polícia civil e militar invadiram sem mandado de busca e apreensão a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Guararema, no interior de São Paulo.14962541_754521044706043_8753904345002014260_n

De acordo com os relatos, os policiais chegaram por volta das 09h25, fecharam o portão da escola e pularam a janela da recepção dando tiros para o ar. Os estilhaços de balas recolhidos comprovam que nenhuma delas eram de borracha e sim letais.

As entidades estudantis repudiaram nas redes sociais a ação da polícia de São Paulo e exigem que o governo tome as medidas cabíveis nesse processo. Os movimentos sociais denunciam a onda de criminalização, que visa a desestabilização da luta democrática pelo país.