Mesmo enfrentando uma expressiva greve dos profissionais da educação, que completa três semanas nesta quarta-feira (23), o governo do Rio de Janeiro permanece sem diálogo com os manifestantes. Em meio à manipulação da mídia e as tentativas de repressão ao movimento, os secundaristas endurecem a luta contra o sucateamento do ensino e iniciam ocupações nas escolas.
A primeira começou na última segunda-feira (21), no Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador. Cerca de 200 estudantes se dividem em comissões para manter a organização, limpeza, alimentação e atividades culturais na instituição.
Além das pautas gerais da greve pelo pagamento dos profissionais, educação e merenda de qualidade, professores valorizados e melhorias na infraestrutura, a primeira escola ocupada tem como mote a gestão democrática, resistência à ameaça de privatização da instituição e denuncia a falta de professores.
“A mídia acoberta o governador Luiz Fernando Pezão. O governo e a Secretaria de Educação pressionam as direções para suprimir as mobilizações, e isso gera direções ainda mais autoritárias que o normal. Esse, inclusive, foi um dos principais motivos da ocupação no Mendes de Moraes, que está sofrendo forte repressão policial”, declarou a presidenta da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas (AMES-RJ), Isabela Queiroz.
OCUPAR É RESISTIR
Desde o final de 2015, o Brasil testemunha a Primavera Secundarista, movimento nacional de reivindicações que ganhou grande visibilidade dentro e fora do país com a ocupação de escolas. Em Goiás, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, as ocupações se tornaram estratégias primordiais para denunciar as irregularidades que acontecem dentro das instituições, o sucateamento da educação e a manipulação da mídia.
No Rio de Janeiro não é diferente. Segundo a presidenta da União Estadual dos Estudantes Secundaristas (UEES-RJ), Ana Carpes, em diversas cidades a juventude planeja novas ocupações. “É muito provável que na próxima semana outras escolas estejam ocupadas. Em São Gonçalo, Maricá e Petrópolis o sentimento é de mobilizar e ocupar”, diz a líder estudantil.
O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), informou que a greve teve início com a adesão de 70% da categoria em todas as regiões. Mesmo assim, “as reivindicações dos professores ainda não foram atendidas e as condições de aula continuam muito precárias”, ressalta Isabela.
Durante a terceira assembleia das escolas estaduais realizada nesta terça (22), a continuidade da greve e uma moção de apoio aos estudantes do colégio ocupado foram aprovadas com unanimidade.