Em meio ao ritmo de comemoração das Olimpíadas 2016, as ruas do Rio de Janeiro foram ocupadas na última sexta-feira (5) por mais de 30 mil pessoas em manifestação contra o governo golpista de Michel Temer.
Organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, o ato ocorreu em Copacabana em protesto contra os retrocessos e a retirada de direitos ocorridos desde que o governo ilegítimo assumiu.
A polêmica sobre a censura imposta pelo presidente interino, que proibiu manifestações políticas no interior e nas proximidades dos ginásios esportivos, não intimidou estudantes e trabalhadores que quebraram a barreira da mídia e denunciaram o golpe político que o país vive.
Diante dos cortes de gastos públicos, que atingem cheio a educação e os direitos dos trabalhadores, a UBES e diversas entidades estudantis e dos movimentos sociais saíram às ruas no dia de abertura das Olimpíadas para denunciar o golpe político em curso.
“Foi uma das maiores mobilizações unificadas nos últimos tempos para denunciar ao mundo o golpe de Estado aplicado por Temer e a calamidade pública do Rio de Janeiro. O momento tão esperado das Olimpíadas traz para o carioca um sentimento torcedor, mas também nos sentimos maquiando os problemas. Há uma alta segurança para censurar a livre manifestação de um povo que acaba de sofrer um golpe, por isso precisamos denunciar aos outros povos que vêm compartilhar desse momento com a gente”, criticou a presidenta da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas (AMES-RJ), Isabela Queiroz.
CENSURA NAS OLIMPÍADAS
Arbitrariamente, Temer pediu para que seu nome não fosse anunciado na abertura da cerimônia, mas, ao declarar a abertura dos jogos a vaia ecoou pelas arquibancadas do Maracanã.
Nesta segunda-feira (8), a Justiça Federal no Rio de Janeiro emitiu liminar que libera manifestações pacíficas de cunho político, que até então foram reprimidas pela Força Nacional de Segurança e pela Polícia Militar.
Ao impedir torcedores de ostentar mensagens políticas, o Comitê da Rio-2016 e o Comitê Olímpico Internacional feriu o princípio constitucional da liberdade de expressão. Depois que diversos torcedores foram expulsos de competições, começaram a viralizar nas redes sociais fotos de placas com protestos “alternativos”.
“Fora você sabe quem”, dizia um cartaz erguido em uma das competições.
“Temer ‘Voldemort’: aquele cujo nome não deve ser pronunciado”, foi uma das manifestações do público. A brincadeira faz referência a Lord Voldemort (dos livros da série Harry Potter de J. K. Rowlinq), poderoso bruxo das trevas de todos os tempos, cujos objetivos eram controlar o mundo mágico. Ao contrário de Voldemort, o nome de Temer não representa força e poder, embora ambos sejam sinônimos de trevas e destruição.