A desvinculação dos direitos constitucionais do orçamento público, a invasão da lógica do mercado na educação e a diminuição da participação social nas discussões no ensino são três aspectos que permitem ao coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, afirmar que “nunca nossos direitos educacionais estiveram tão em risco“.
Ele é o entrevistado dessa semana do quadro “Diálogo que nos UNE“, da reportagem da União Nacional dos Estudantes.
A redução do papel estatal na educação é apontada como o principal problema posto nos projetos do novo presidente. Com ela, os interesses privados devem ganhar espaço na área e, com isso, diminuir a qualidade do ensino, já que eles privilegiariam o lucro e não o nível do serviço.
Além disso, tiraria os pobres – que tiveram mais oportunidades educacionais nos últimos anos – de escolas melhores e acessos às universidades.
“Estamos dando passos para trás até mesmo da redemocratização. O orçamento das vinculações já era insuficiente, a gente precisava aumentar, de forma que o Plano Nacional de Educação previa o direcionamento de 10% do PIB para dar conta. Ao invés de aumentar os recursos, Temer que diminui-los com a desvinculação. O direito à educação entra em risco”, afirma Daniel.
“O conjunto de possibilidades da privatização e da absorção da lógica mercantil na educação é infinito. Uma das características do capital é que ele sabe procurar alternativas para se estabelecer. Precisamos resistir, principalmente, porque o direito à educação precisa ser para todos, ofertado pelo Estado e precisa ter controle social”, completa.
Nesta entrevista, Daniel ainda fala sobre o ministro da Educação atual, Mendonça Filho (DEM) e sobre a ilegitimidade do golpista Michel Temer. Assista: