Entre eles, está o recém-eleito presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), Emerson Santos, que engrossa o coro contra o problema da merenda nas instituições e o descaso com o ensino.
Em entrevista ao site da UBES, Emerson ressalta o papel do movimento estudantil e os próximos passos da resistência dos secundaristas. “Ocupação é um norte para radicalização da luta política dos estudantes do estado de São Paulo”, afirma.
UBES: A caça ao ladrão da merenda é hoje pauta central do movimento estudantil em São Paulo?
EMERSON SANTOS: Neste momento em que se discute tanto a questão da corrupção no Brasil, também construímos em São Paulo o combate à corrupção, que para o movimento secundarista está atrelado à questão da merenda, hoje um dos maiores escândalos do governo no Estado. A questão da CPI da merenda está liderando a caça aos ladrões de merenda. Também precisamos de respostas ao Plano Estadual de Educação (PEE). A ALESP está parada, não dá nenhum posicionamento sobre a CPI da Merenda, a corrupção e os envolvidos no escândalo. A casa também não quer dar passos significativos para aprovar a construção do PEE de maneira a atender as demandar que construímos e pautamos nas ocupações do ano passado, o que é fundamental. Enquanto não obtivermos respostas estaremos travando a luta, vamos ocupar.
U: A pauta da democracia foi destaque do 18º CONUPES. A invasão da tropa de choque na ocupação do Centro Paula Souza sem mandado judicial nesta segunda-feira (2) e a tentativa do governo de inibir a manifestação dos estudantes reflete o cenário de autoritarismo vivido nas salas de aula?
E: Reflete. Após as ocupações do fim do ano passado sentimos o peso da perseguição da polícia militar, que continuou mesmo depois das ocupações. O episódio do Centro Paula Souza reflete a política de segurança do governo do estado, que é de repressão e autoritarismo. Após as ocupações, a organização dos grêmios sofreu uma manobra da Secretaria de Educação, que tentou controlar e limitar a movimentação dos estudantes dentro das escolas. Nós, que saímos do congresso com o tema “Ocupar e Resistir, defender a democracia das escolas ao Brasil”, já destacamos a defesa da democracia, que precisa ser defendida não só nacionalmente, mas dentro da sala de aula. A Secretaria de Educação está acabando com o direito de livre organização dos estudantes, o sentimento de construção coletiva das últimas ocupações está sendo cerceado, sendo que lutamos e construímos coletivamente.
U: A gestão anterior da UPES participou de 220 escolas ocupadas contra o projeto de reorganização escolar, defendendo o mote “ocupar e resistir”. Ao que tudo indica, uma nova frente de resistência tomará conta do estado de São Paulo?
E: O que está em nosso horizonte é a defesa da democracia. Nossa defesa é por empoderamento das classes que sempre foram marginalizadas, dar mais espaço para mulheres, negras, LGBTs, e construir a democracia dos secundaristas nas suas diferentes formas de organização. Ocupação é um norte para radicalização da luta política dos estudantes do estado de São Paulo, algo que vai permanecer sempre que for preciso para dar um basta aos abusos do governo e cobrar respostas imediatas, que vai nortear o sentimento de luta dos estudantes que querem construir a nova escola.
Eleito no 18º Congresso da UPES, que aconteceu nos dias 29 e 30 de abril, com a participação de mais de 1200 secundaristas de todo estado, Emerson Santos é estudante de Dança na Escola Técnica de Artes, em São Paulo. Iniciou sua militância no grêmio estudantil da Escola Técnica em Química, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Campus de Sertãozinho. Na cidade, ele presidiu a União Municipal dos Estudantes Secundaristas e, em seguida, foi diretor de Politicas Educacionais da UPES.