A Primavera Secundarista segue se alastrando por todo o Brasil. Na última semana (6), o estado da Bahia teve suas primeiras ocupações concretizadas: a Escola Estadual Almirante Barroso e o Colégio Estadual de Aplicação Anísio Teixeira, localizados em Salvador.
Na escola Almirante Barroso, as entidades estudantis têm recebido denúncias que envolvem homofobia, machismo e principalmente, a falta de diálogo entre a direção e o corpo estudantil. A escola enfrenta ainda, problemas estruturais, não há entrega de uniformes desde 2014 e faltam professores de Geografia desde o início do ano.
Mobilizados, os estudantes conseguiram chamar a atenção da Secretaria de Educação da Bahia (Seduc), que convocou uma reunião com o secretário de Educação, Walter Pinheiro, na última quinta-feira (9) para tratar dos problemas mais urgentes da instituição de ensino. Durante a conversa, foi determinado um prazo de 72 horas para sanar os problemas levantados pelos estudantes.
A presidenta da União Soteropolitana dos Estudantes Secundaristas (USES), Rafaela Alencar, afirmou que a ocupação permanecerá até que os problemas sejam resolvidos. “Nós, secundaristas não iremos desocupar a escola até que os principais problemas sejam solucionados”, enfatizou.
Em todo estado, as pautas mais comuns são a falta de estrutura das escolas e o atraso de pagamento dos terceirizados, que se alonga desde o mês de março. “As salas chegam a 40° C, não há ventilador, não há pátios, existem prédios residenciais que se transformam em escolas. Desde a década de 90 não temos nenhuma construção ou reforma. As ocupações no estado da Bahia vêm com o objetivo de dizer: basta! Socorro!”, explicou Rafaela.
Ocupação Anísio Teixeira
No Colégio Estadual de Aplicação Anísio Teixeira, as reivindicações não são muito diferentes. O autoritarismo e a não representatividade estudantil no espaço escolar são as principais reclamações.
Há um ano, secundaristas tentam organizar as eleições do grêmio estudantil. Na última segunda-feira (6), o processo foi adiado pela direção e remarcado para quinta-feira (9). Após novos desentendimentos com o diretor, a eleição não pôde acontecer e os estudantes decidiram se organizar. Uma reunião com a direção foi realizada e solucionou os problemas, colocando fim à ocupação na instituição.
O presidente da Associação Baiana Estudantil Secundarista (ABES), Nadson Rodrigues, indica a importância das mobilizações dos estudantes. “As ocupações estão acontecendo por conta dos problemas que os próprios estudantes vivenciam no ambiente escolar. A instituições públicas são desestruturadas e não condizem com a realidade da juventude. O movimento estudantil anseia por uma escola diferente e acho que esses atos apenas legitimam esse desejo”, concluiu.