A exigência de novas eleições e o fim do governo golpista reuniram cerca de 15 mil pessoas em mais um ato ”Fora Temer”, na noite de ontem (08), em São Paulo. Trabalhadores do campo e da cidade, e jovens secundaristas e universitários marcharam lado a lado em defesa da democracia.
Vestindo um thoubh marrom, roupa masculina tradicional da cultura muçulmana, Jiprel Mohammed, o secundarista imigrante, foi à manifestação com seu pai e os dois irmãos. Em entrevista ao site da UBES, o jovem de 19 anos conta porque defende a saída de Temer. “Viemos em busca da liberdade, e hoje, também lutamos contra o retrocesso democrático”, exclama o estudante.
Morando no Brasil, ele relata o motivo porque saiu do emirado árabe onde morava, o Kuwait, há sete anos. “Lá nunca houve democracia, no nosso país de origem não há direito a voto, pois é governado por um Príncipe. Se trata de uma outra realidade política. Mesmo assim, na rede de televisão se fala que isso que acontece no Brasil é um golpe”, relata afirmando que permanecerá nas ruas.
O casal de estudantes Everton Ribeiro e Letícia Nogueira, que já foram em outras manifestações, voltaram às ruas para lutar por um futuro melhor para o Brasil. Letícia está grávida e espera a chegada de uma menininha. ”Nossa primeira presidenta ter sido impitimada expõe o machismo que existe na sociedade. Mas as mulheres estão mostrando a sua força na luta, é bonito de se ver”, falou.
Everton diz que seu motivo para estar na manifestação é não compactuar com golpistas. ”Este é um governo ilegítimo, fruto de um golpe oportunista. Temo pela perda dos direitos trabalhistas e também pelos retrocessos na área social. Por isso estamos lutando”, disse.
O designer de games, Pedro Coelho, foi sozinho à passeata. ”Não quero nenhum direito a menos e não aceito golpistas. Temer já está mostrando ao que veio tirando verba de locais importantes. Eu tô aqui sozinho, por mim, cidadão e acredito que todos devem estar nas ruas, seja assim ou organizados em partidos e coletivos para lutar e pedir o Fora Temer”, falou.Maria Lindalva Pereira tem 64 anos e está à espera de um teto para morar. Hoje, a trabalhadora rural divide um barraco no assentamento Sempre Verde, localizado na região de Andradina, interior de São Paulo.Trabalhadores contra o Golpe.
”Nós viemos para lutar e para conquistar nossos direitos. Nós lutamos com a vida para trabalhar na roça, esperando um pedacinho de terra. Não somos da cidade, mas estamos aqui para dizer que a luta é contra o golpe e pelos nossos direitos e sonhos continua”, enfatizou.
Antônio Braga é membro do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e conta que sua reivindicação é pela manutenção e conquista de direitos. ” A gente está aqui pelos nossos direitos. A polícia nos vê como vândalos, mas só estamos lutando pelo o que é nosso. O MTST está aqui pra correr atrás de moradia. A gente não quer quebrar nada, a gente quer um governo legítimo e que cumpra com seu dever”, destacou.
Os professores também ocuparam a capital paulista. Orlando de Jesus, 26, é professor de história da rede pública do Estado. Lecionando para estudantes do ensino médio em escola na zona sul da cidade,falasobre a importância da juventude ocupar ruas e avenidas em defesa da soberania do povo.
“A manifestação representa a nossa democracia, nosso voto foi usurpado por um governo machista, racista e homofóbico. É a ‘ponte para as trevas’ que só favorecerá a burguesia. Já vivemos o fim da CLT, querem mudar a forma de contratação”, criticou e, em seguida, lembrou da truculência da política na manifestação do dia 4. “Na manifestação de domingo, a polícia militar se mostrou totalmente despreparada, atacou o povo de forma desumana, enquanto a passeata seguia pacífica”, relembrou Orlando.
-> Acesse e saiba mais aqui sobre a repressão policia.
A juventude marcou momento de forte luta popular, como nas Jornadas de Junho de 2013; em 2016, a luta contra o governo ilegítimo de Temer não é diferente. A estudante de psicologia, Natalia Silva, explica porque a luta se renova.
“A pressão popular é grande, o ‘Fora Temer’ é mais um grito a favor da nossa democracia, não escolhemos esse programa de governo que ataca os direitos dos trabalhadores, tornando opcional direitos como o 13º salário e o FGTS”, questiona.
Filha de zelador de prédio, Natália, de apenas 24 anos, trabalha atualmente com registro na carteira para pagar a universidade privada onde estuda, na capital paulista. A estudante conta que as medidas anunciadas pelo governo (que inclui negociação e retirada de direitos trabalhistas) coloca em risco seus estudos.
“Atualmente, a mensalidade do meu curso é R$1mil reais, divido essa despesa com meu pai, mas, por exemplo, se no fim do ano o 13º não cair, não conseguiremos quitar a parcela da matrícula que está em atraso”, criticou.
->Leia aqui matéria sobre o governo Temer e o ataque aos direitos trabalhistas.
Por Renata Bars da UNE/ Suevelin Cinti da UBES.