Dando continuidade à pressão do movimento estudantil para investigar o superfaturamento nos contratos de merenda em São Paulo, na noite desta terça-feira (13), um grupo de estudantes acampou em frente à Assembleia Legislativa (Alesp) em ação pacífica que buscava garantir os lugares dos jovens na 10ª reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que aconteceu nesta quarta (14).
Mesmo com direito à livre participação, os estudantes foram impedidos de acompanhar a sessão pública. Com spray de pimenta, socos e empurra-empurra, a polícia militar agiu com truculência e tentou impedir a entrada dos secundaristas que aguardavam desde as 7h para acompanhar a reunião.
Um cinegrafista foi agredido pela PM e um estudante menor de idade detido e encaminhado à Fundação Casa.
A diretora do movimento estudantil da FATEC, Nayara Souza, foi agredida por policiais enquanto tentava entrar no plenário para acompanhar a CPI da Merenda. Nas redes sociais, o Diretório Central de Estudantes (DCE) da FATEC lançou nota repudiando a violência policial. “O DCE da FATEC repudia a ação da PM, sob o comando do deputado Marcos Zerbini, que de maneira violenta tenta reprimir a luta dos estudantes paulistas contra a corrupção”, diz trecho.
O presidente da UPES, Emerson Santos, que participou do acampamento, conta que, assim que a Alesp foi aberta, por volta de 7h, já havia 17 pessoas na fila para entrar na sessão, sendo que existiam apenas 17 lugares no salão debaixo reservado ao público e à imprensa.
“Chegamos à ALESP ontem, às 22h, para acampar e sermos os primeiros a entrar. A CPI da Merenda foi uma conquista da luta da ocupação estudantil, temos acompanhado todas as sessões. O presidente da comissão, Marcos Zerbini, poderia ter tido bom senso para transferir para um auditório maior, possibilitando a participação de todos os estudantes e interessados”, critica Emerson. “Não foi o que aconteceu, a ordem foi bater e violentar os estudantes”, disse.
Dos 20 estudantes que estavam na Alesp, apenas 17 tiveram acesso pleno à sessão. A reportagem da UBES também foi impedida de ter acesso ao plenário antes do segundo ato de repressão dos policiais que levou a suspensão temporária da sessão a pedido dos parlamentares.
“Não tinha como continuar (a sessão) com os estudantes sendo agredidos do lado de fora”, afirmou o deputado Alencar Santana Braga (PT). “Neste momento, há três plenários vazios”, expôs o parlamentar sobre o episódio de violência.
Esta foi a primeira reunião da CPI da Merenda em que o presidente da Alesp, Fernando Capez, compareceu. Em depoimento, ele que é o principal suspeito no esquema, declarou não ter nenhum envolvimento no escândalo. Veja aqui trecho da declaração.
O deputado João Paulo Rillo (PT), também se posicionou contra a ação repressora da Casa. “Para quem quer tirar estudantes a força e acredita que a luta por educação de qualidade vai acabar por aqui, está completamente enganado”, disse parabenizando os estudantes.
Ao longo da sessão, deputados tentaram impedir a manifestação de estudantes que acessaram o plenário, entre elas a presidenta da UBES, Camila Lanes. Veja depoimento sobre o acontecimento.