“Quando se pensa em ciência automaticamente a gente imagina um homem de pele clara, com cabelos grisalhos vestindo um jaleco branco”. A frase dita por Tamara Naiz, presidenta da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), durante o 42° Congresso da UBES gerou uma provocação nos estudantes que participaram nesta quinta (30) do 42o Congresso da UBES em Goiânia. “Mas precisamos desmistificar esse mito. A ciência é para todos”, completou.
Cansados de um ensino que ‘só reproduz técnicas’, jovens de todo o Brasil se concentraram na Praça Universitária, em Goiânia (GO) para discutir como é possível construir um ensino técnico de qualidade para todos e todas, valorizando a ciência e o potencial criativo da juventude.
“A rede profissional de educação corre uma ameaça de sucateamento por um governo golpista. Precisamos ocupar todos os espaços de poder”, frisou o secundarista Jefferson, estudante do Instituto Federal da Bahia (IFBA).
A qualificação técnica é a modalidade da educação profissional mais acessível à população hoje, no entanto, dos 85,7% jovens que estudam no ensino público, apenas 2,2% têm acesso. As informações constam do Suplemento Educação Profissional, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014.
Durante a discussão calorosa, os participantes ressaltaram o fato de o ensino profissional ter sido pensado, em sua concepção, para formar mão de obra para empresas e ressaltaram a necessidade de mudar isso, tornando o ensino emancipatório e acessível para toda a juventude brasileira.
“Essa modalidade de ensino como é hoje serve para o filho do trabalhador que tem salário baixo e precisa que o jovem auxilie na renda da família. Enquanto isso o filho do rico tem acesso à uma educação tecnológica, cultural e científica muito mais completa”, afirmou o Professor do Instituto Federal de Goiás (IFG), Marcelo Lira.
De acordo com a representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Márcia Pelá para conseguir que esse ensino se torne igualitário para todos é necessário repensar o sistema como um todo e investir. “Produzir ciência de qualidade não é uma tarefa simples e depende de investimento. Precisamos criar um projeto de nação para que a ciência seja um conhecimento humano e não de poucos, para poucos como é hoje, porque quem domina a ciência, domina a sociedade”, afirmou.
O Congresso da UBES segue até este sábado (2), com atividades na Arena Goiânia. Acompanhe ao vivo pela página da UBES no Facebook.
Por Débora Neves, de Goiânia
Fotos: Nilmar Lage e Léo Silva