Na manhã desta sexta (8), os estudantes secundaristas fizeram sua convocação para um encontro com várias entidades de educação descontentes com o desmanche dos espaços de debate e políticas públicas da educação brasileira, entre eles a Conferência Nacional de Educação (CONAE). Ao invés de participar do encontro, que acontece (ou deveria acontecer) a cada quatro anos, a UBES integrará em 2018 a CONAPE – Conferência Nacional Popular de Educação.
Durante a abertura do Conselho de Entidades Gerais (Coneg), na Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, convidados explicaram por que a inclusão do “P”, de Popular, fará toda a diferença na sigla da CONAPE.
“Não temos nenhuma expectativa de que o ministério golpista ofereça condições para realização da CONAE. Até agora, não houve nenhuma sinalização”, afirmou Francisca Seixas, uma das convidadas da abertura do CONEG. Ela é representante da Conferência Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), uma das entidades que organizam a conferência independente ao lado da UBES.
Também participaram da mesa o reitor da faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, a presidenta da UBES Camila Lanes e o diretor de Políticas Públicas da UBES, Guilherme Barbosa.
Guilherme explicou que, depois da portaria 577/2017, que expulsou entidades progressistas desta conferência oficial, ficou insustentável acreditar na intenção democrática do evento. Logo a CONAE, que já ajudou na construção de políticas públicas essenciais desde 2010. O Plano Nacional de Educação (PNE), documento essencial sobre o assunto, foi desenvolvido nessa conferência por dezenas de entidades.
“Como confiar em um governo que veta prioridade para o Plano de Educação, como Michel Temer fez no último mês? Com esta ação, na prática ele vetou as metas determinadas pela CONAE no Plano”, disse Francisca Seixas.
Dos 30 objetivos do Plano Nacional de Educação (PNE) previstos para 2017, apenas seis foram cumpridos, segundo o Observatório do PNE.
Para os participantes, a CONAPE será essencial para organizar a resistência a estes desmontes, falta de democracia e de recursos. “Essa conferência significa um espaço de resistência, dialogando e construindo com a juventude uma educação pública, crítica e de qualidade”, resumiu Guilherme Barbosa.
O CONEG continua em São Paulo até sábado (9/9), com mais de 500 lideranças estudantis de todo o Brasil e dezenas de convidados. Confira a programação.
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