Por Gabriel Brocca, presidente do grêmio Edson Luís
Estudo na mesma escola em Porto Alegre (RS) há 7 anos. Antes, pouco se falava sobre o nome dela: Presidente Costa e Silva. Mas, de 3 anos para cá, alguns professores de diversas áreas montaram um projeto pedagógico chamado De Costa Para a Ditadura. Com este projeto, trabalhamos o tema da ditadura todos os anos, no “aniversário” do Golpe de 1964 (1° de abril).
Entenda:
Quase 50 anos depois, estudantes lutam para homenagear Edson Luís
Isso começou a causar, entre os estudantes, um questionamento sobre o nome da escola, tendo em vista quem foi Costa e Silva, o segundo ditador do regime militar, e tudo que se relaciona a ele. Aqui em Porto Alegre tem uma avenida importante que chamava Castelo Branco, nome de outro ditador, e que mudou para avenida da Legalidade e da Democracia. Tendo isso como exemplo, vimos que era possível trocar o nome da nossa escola também.
Fizemos uma atividade sobre qual nome ela poderia ter e surgiram várias alternativas ao Costa e Silva. Como do cantor gaúcho Lupicínio Rodrigues, entre outros. Mas um que se destacou foi o do estudante Edson Luís. Porque ele morreu justo no governo do Costa e Silva. Isso tomou bastante força dentro da escola.
Logo em seguida, em 2015 o grêmio estudantil fez uma assembleia para mudar o seu nome para G. E. Edson Luís, mudança aprovada pelos estudantes. No período de ocupação, ano passado, trocamos de forma simbólica o nome da nossa escola para Edson Luís. A troca era também uma das pautas da nossa ocupação.
Alterar o nome da escola é algo difícil, pois envolve a aprovação do conselho escolar e da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul. Mesmo assim, estamos correndo atrás disso. Temos ainda a repressão da secretaria estadual e da direção da escola. Um dos nossos professores foi desligado da escola por se envolver com este assunto.
O discurso de neutralidade do Escola Sem Partido pode até fazer sentido na teoria – ninguém quer uma escola com pregação ideológica. Mas, na prática, limita o debate em sala de aula. Não podemos falar de algo que envolva a história do Brasil e a sociedade atual, como se escola não fosse espaço para isso. Acredito que, muito pelo contrário, a escola tem que ser aberta para dialogarmos, jamais limitada a algo menor.
Estamos em campanha pela volta do professor afastado e pela troca real do nome. Recorremos a parlamentares na Assembleia Legislativa o pedido, mas também estamos recorrendo a outras vias, como o conselho escolar.
Não podemos homenagear o ditador e esquecer de quem lutou contra a ditadura. Edson Luís é um símbolo da luta estudantil, queremos eternizar o seu legado.
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