“Temer e Mendonça Filho estão travando uma batalha, do ponto de vista das ideias, que quer impor uma limitação do pensamento. O Escola sem Partido é censura!”, diz Hemilton Bezerra, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – Contee, durante a mesa “Democracia na escola: Contra a PL da Mordaça”, que aconteceu no 3º Encontro Nacional de Grêmios, nesta terça-feira (31), na UFC.
Para o professor, PLs baseadas no projeto Escola sem Partido, apelidado de Lei da Mordaça, são propostas “sem pé, nem cabeça”, pois “não têm nenhuma repercussão com a escola e suas contradições”.
“Parece que o legislador nunca estudou, nunca foi à escola. A escola precisa ser um ambiente plural, democrático. As consciências críticas de vocês contribuem para a construção de uma sociedade mais justa”, afirmou Hemilton.
Ele, que leciona disciplinas de História, Filosofia e Sociologia, disse que na atual conjuntura de golpe que o país atravessa, as reformas do ensino acabam, de certa forma, “tirando ele das salas de aula”. “Este é um movimento conservador impulsionado por uma lógica capitalista”, afirmou.
Para Caio Pinheiro, ex-vice presidente da UBES e um dos debatedores, “esse é o momento para lutar mais e mais, lutar para construir e fortalecer os grêmios nas escolas, como forma de resistência e combate ao escola sem partido”.
Mariana Ferreira de Souza, 1ª Vice-presidenta da UBES, afirmou que a PL da Mordaça é um dos principais ataques a nossa democracia dentro das escolas: “Eles dizem que é uma escola sem partido, mas, na verdade, é sem os partidos de esquerda”.
Ela lembrou que a Lei da Mordaça é uma ameaça inclusive à existência dos grêmios estudantis. “Imagina se não pudermos mais realizar rodas de conversas nas escolas sobre temas como lgbtfobia e machismo, imagina quando não pudermos nos organizar?”, disse.
“O grêmio é uma forma de você organizar os estudantes não só para barrar os retrocessos como para conquistar coisas para os estudantes nas escolas”, diz Mariana Souza, 1ª vice-presidenta da UBES.
A participação dos estudantes contribuiu para enriquecer o debate. Para Fernando Ganso, 1º diretor de Grêmios da UBES, os secundaristas conseguiram trazer para a discussão o sentimento das ocupações. “[A mesa] foi a tradução de tudo que a galera lutou, debateu e questionou nas ocupações. E ao trazer sindicatos e outros setores da Educação, conseguimos tornar mais técnico o debate, sem perder a visão do estudante e da perspectiva do que a gente quer”. ::
Por Natasha Ramos, de Fortaleza