Destacar as mudanças vivenciadas pelos estudantes responsáveis pelo maior movimento de ocupações da história da juventude brasileira. Essa é a proposta dos cineastas Ana Petta e Paulo Celestino, diretores do documentário longa-metragem “Primavera”, iniciativa independente da produtora Clementina Filmes.
O longa, em fase de finalização, traz um olhar inédito da convivência coletiva entre os jovens durante as ocupações, a política e a escola. “Acompanhei o movimento como cidadã, pude ver de perto a organização, aquilo me encantou.
Em 2016, fui à ocupação do Colégio Estadual Central, em Belo Horizonte e a fala do pessoal foi muito tocante. Daí veio a ideia de fazer um filme que contasse um pouco das transformações internas e externas desses jovens”,
afirma Ana Petta, que foi diretora da UBES em 1993.
A produção do filme usou as redes sociais para encontrar estudantes que ocuparam suas escolas em diferentes cidades, como Natal, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. O método teve como inspiração o trabalho do documentarista brasileiro Eduardo Coutinho “Utilizamos esse anúncio público convidando estudantes para contar, de frente a uma câmera, as suas experiências”, explica a diretora, que não fazia ideia das histórias que foram surgindo ao longo das gravações.
Para Petta, cada relato foi um grande aprendizado a partir da evolução encontrada na experiência dos jovens. “O mais impressionante é como as pessoas saíram do processo das ocupações. A transformação pessoal é muito
profunda, perceptível”, relata. “O maior desafio foi ultrapassar o discurso comum e conseguir encontrar uma fala mais pessoal, única, como a ocupação mudou cada um de uma forma diferente. A pessoa se transforma e transforma
o mundo com uma experiência coletiva”.
O filme contribui para dar uma dimensão histórica do que foi a Primavera Secundarista, também, para as próximas gerações. “É algo inédito, muito forte e muito importante. Foi um grito dos estudantes em defesa da escola pública, o
entendimento de todas as transformações que estão ligadas na relação estudantes e escolas. Os alunos se apropriaram das escolas e cuidaram delas”, ressalta a diretora.
Para a realização do filme, foram entrevistados dezenas de estudantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Paraná. Uma pluralidade de costumes com o mesmo anseio de uma escola mais democrática. Para a
finalização do filme, em breve será lançada uma campanha de financiamento coletivo no Catarse e, será necessária a mesma força coletiva das ocupações para a produção se tornar real.
A pré-estreia de “Primavera” acontecerá durante o 42º Congresso da UBES, entre os dias 29 de novembro e 2 de dezembro, em Goiânia. Durante o encontro, estarão presentes estudantes de todo o Brasil que participaram das
ocupações. “São pessoas que saíram conscientes do seu papel político e social. Vão pensar coletivamente neste mundo cada vez mais individualista”, finaliza Petta.
Saiba mais sobre o “Primavera: Secundaristas e suas Ocupações” na página do filme no Facebook.
Por Mateus Marotta