“Está tudo bem, não tem nada de errado com você”. O depoimento é da estudante, Lua Victória de 16 anos, mencionado durante o 1o Encontro LGBT da UBES, realizado no início de 2017, na Universidade Federal do Ceará (UFC). O relato gerou comoção na plateia. A jovem de Ouro Preto (MG) contou que aos 15 anos pensava em se suicidar. “Achava que meus parentes preferiam uma neta morta a uma neta lésbica. Fiz tratamento [psicológico] no SUS, mas, apesar da boa vontade, os profissionais não compreendiam minha realidade.” explica.
Os pensamentos de Lua em acabar com a própria vida só cessaram quando a estudante saiu do colégio que considerava conservador e foi para o Instituto Federal da sua cidade. Lá, conheceu o grêmio estudantil e com ele a compreensão dos colegas, afeto que fortaleceu sua identidade.
Foram muitos os relatos feitos pelos secundaristas, que aproveitaram o espaço do Encontro para narrar suas vivências. Com o mote “LGBTfobia Mata!”, o evento contou com participação de ativistas e profissionais que denunciaram a violência sofrida pela comunidade LGBT dentro e fora das salas de aula. Em 2016, segundo levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia, 343 LGBTs foram mortos no Brasil. É quase uma vítima por dia, sendo o maior número já registrado na história.
Munidos de palavras de ordem, feições alegres e vestes coloridas, os jovens tiveram suas energias renovadas. Em unidade, gritavam em alto e bom som, em um coro que era possível ouvir do lado de fora da UFC: “As gay, as bi, as trava e as sapatão, tão tudo organizado para fazer revolução”.
1. Debater gênero dentro das salas de aula
O debate de gênero nos planos municipais de educação vem sofrendo retaliações por políticos que insistem em perpetuar o ódio e a intolerância.
#Dica: Os profissionais da educação devem oferecer instrumentos pedagógicos para refletir, compreender, confrontar e abolir a LGBTfobia nas escolas.
2. Uso do nome social no ambiente escolar
Nome social é direito desde 2015, a partir de uma resolução do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos LGBT.
#Dica: Chame o jovem pelo nome ao qual ele se identifica, assim como os pronomes. O uso do nome social em listas de presença, provas e trabalhos é essencial.
3. Como lidar com o Bullying
Intimidações atingem 73% dos estudantes do ensino básico, de acordo com dados da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).
#Dica: Abra espaço para que jovens comuniquem situações de preconceito e reforce a necessidade de respeitar o outro.
4. Violência física
36% dos jovens afirmam que já foram agredidos fisicamente no ambiente escolar de acordo com dados da ABGLT/2016.
#Dica: O Disque Direitos Humanos – Disque 100, é um serviço de atendimento telefônico gratuito, que funciona 24 horas por dia, 7 dias da semana. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos responsáveis.