Em 31 de agosto de 2016, Daniela Moura foi eleita presidenta do grêmio Abre Alas ao mesmo tempo em que Michel Temer assumia a presidência do País. Com a diferença de que a garota de 17 anos cumpria os ritos democráticos, claro. Temer tornou-se presidente com a aprovação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado sem nenhum crime de responsabilidade.
Neste dia, em Belo Horizonte, lá no Colégio Estadual Central, o mesmo que formou Dilma Rousseff, Daniela teve uma mistura de sensações:
“Lembro das eleições da escola e, ao mesmo tempo, das panelas batendo em sinal ao impeachment. Foi uma coisa da qual nunca vou me esquecer, o sentimento de alegria, tristeza e da necessidade de resistência”.
Doze meses depois, a distância entre os dois mandatos só cresceram: a mineira se manteve na luta por uma educação pública de qualidade, enquanto as medidas do governo Temer fizeram deste sonho algo cada vez mais distante. O que se manteve foi a vocação para luta de Daniela e do movimento estudantil.
O último ano não foi fácil para o movimento estudantil. As verbas para educação foram congeladas por 20 anos, com aprovação da PEC 55 em dezembro. Na mesma época, outro golpe: os royalities do pré-sal, que até então seriam destinados para o ensino público, foram abertos ao capital estrangeiro. A reforma do Ensino Médio acabou aprovada sem debate nenhum no começo de 2017.
Mas nada disso aconteceu sem resistência. Em jornadas de lutas, acampamentos em Brasília, atos pelas ruas e mobilizações nas escolas, “ocupar e resistir” foi o principal lema dos secundaristas. E regeu também o mandato no Estadual Central. Em novembro, a escola foi ocupada pelos alunos, como outras centenas pelo Brasil, em uma segunda onda de mobilização estudantil.
Quando os livros de história mostrarem este ano de governo Temer, não poderão deixar de mostrar o movimento estudantil. “O golpe na democracia foi também um golpe sobre a juventude”, analisa Daniela. E reflete: “Mas sabemos que estávamos resistindo. E vamos continuar”.