Professores e estudantes sofreram com a truculência da PM durante votação, na última quinta-feira (14), na Câmara Municipal de Pau dos Ferros (interior do Rio Grande do Norte). A violência contra os docentes e secundaristas ocorreu a mando do presidente da Câmara, Eraldo Alves, após reivindicação deles de uma audiência pública durante a votação do PL 1804/17, de autoria dos vereadores Hugo Alexandre (PTN) e Cabo Monteiro (PSD), que proíbe a disciplina “ideologia de gênero” nas escolas municipais e particulares.
“A proposta deturpa o debate em torno da identidade de gênero, que difere de ideologia, e também ofende a própria ética do profissional da educação de nossa cidade, pois não existe essa disciplina ‘Ideologia de Gênero’ e em nenhuma hipótese competiria ao docente inseri-la”, diz a presidente do grêmio estudantil do IFRN – Campus Pau dos Ferros, Eridiany Freire, que acompanhou o caso.
Os educadores e estudantes haviam enviado formalmente pedido de audiência pública a fim de discutir o projeto, com o argumento de que não existe ideologia de gênero, conforme afirma o projeto, mas sim identidade de gênero. O requerimento foi recusado pelos vereadores as duas vezes que foi solicitado.
“O que ficou claro é que o legislativo de nosso município é escasso de conhecimento científico e das noções de respeito, se baseando meramente no que para eles é mais conveniente. Foi sobretudo, uma tentativa brusca de atrair as massas e demarcar em Pau dos Ferros o poder dos religiosos sobre as decisões políticas”, explica Eridiany.
Após os trabalhos serem suspensos sob a ordem do legislativo, os manifestantes, que reinvidicavam o debate na Câmara dos Vereadores, ocuparam o espaço da Plenária. Momentos depois, o presidente da Câmara, Eraldo Alves, solicitou a presença da Polícia ao local da ocupação, de forma que os militares coibiram os estudantes e educadores que estavam ocupando a plenária, usando da força e sprays de pimenta.
Após serem retirados, a sessão prosseguiu e o projeto foi votado e aprovado, com uma maioria de 8 votos favoráveis e 2 contra.
“Eles nos cobriram de spray de pimenta, mas sua violência só serviu para nos unirmos e fortalecemos enquanto movimento estudantil e trabalhadores que lutam por seus direitos. A luta em Pau dos Ferros só está começando!”, diz a presidenta do grêmio.